O Arroio Dilúvio nasce na Lomba do Pinheiro, zona Leste da Capital, na represa da Lomba do Sabão. No seu entorno, vive um terço da população de Porto Alegre, cerca de 446 mil pessoas. A extensão canalizada do riacho é de aproximadamente 12 quilômetros, onde existem atualmente 17 pontes - a primeira, no bairro Menino Deus, foi construída em 1850. Esta paisagem é tema do projeto Habitantes do Arroio, um estudo sobre o arroio realizado por um grupo de pesquisadores do Banco de Imagens e Efeitos Visuais do Laboratório de Antropologia Social da Ufrgs e pela ONG Instituto Antrophos.
A advogada e especialista em Direito Ambiental Ana Paula Marcante Soares explica que o trabalho iniciado em janeiro deste ano levanta aspectos relacionados ao uso do riacho pela comunidade porto-alegrense. "O projeto pode ser classificado como um resgate da memória ambiental de Porto Alegre", comenta.
Segundo Ana Paula, o estudo possui depoimentos de moradores e ex-moradores da região, paisagens do arroio, fotografias antigas e diários de pesquisa dos bolsistas do curso de Ciências Sociais da Ufrgs sobre o arroio. Os pesquisadores conseguiram depoimentos de antigos moradores que presenciaram a passagem do arroio pela rua João Alfredo, na Cidade Baixa. "Muitas imagens mostram a transformação da paisagem urbana do Dilúvio. São diversas realidades sociais desde bairros nobres, vilas, favelas e zonas comerciais ao longo do Ipiranga", acrescenta.
Um documentário com o material da pesquisa sobre o Arroio Dilúvio será produzido pela equipe e distribuído para instituições de pesquisa, escolas e bibliotecas do Estado. Uma prévia do projeto Habitantes do Arroio, que é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), será mostrada em vídeo no dia 6 de junho, na sala multimeios do Planetário, na avenida Ipiranga, 2.000. A atividade faz parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente.
Ana Paula avisa que quem tiver depoimentos ou imagens sobre o Arroio Dilúvio pode enviar o material para o blog. O resultado final da pesquisa será apresentado em junho de 2010.
(Jornal do Comércio, 29/05/2009)