A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e a prefeitura de Angra dos Reis foram imediatamente informados sobre o vazamento de material radioativo da Usina Nuclear Angra 2, ocorrido no último dia 15. De acordo com o diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Pérsio José Gomes Jordani, não compete à estatal tornar pública a informação. “Nós não temos que chamar a imprensa nem nada. São eles [Cnen e prefeitura] que divulgam”, disse. O diretor contestou as notícias divulgadas pela imprensa sobre a demora na comunicação do vazamento.
Jordani afirmou que no comunicado à Cnen e à prefeitura de Angra dos Reis também ficou claro que não era uma ocorrência grave, pois tratava-se de um evento não usual de categoria 1. “Nós temos dez categorias. Quer dizer, evento não usual de categoria 1, é de baixíssima radioatividade”. O diretor da Eletronuclear confirmou que quatro funcionários da usina, cujas identidades serão preservadas pela empresa, estavam na área do vazamento. Eles passaram por exames e já retornaram ao trabalho. “Ontem (27) já trabalharam, hoje (28) trabalharam. E nós estamos providenciando agora um novo exame por meio de um órgão independente”, afirmou.
Segundo Jordani, a Eletronuclear realizou nos quatro funcionários dois testes internos e um terceiro no hospital da empresa, em Praia Brava, no município de Angra dos Reis, que constataram que não houve contaminação. Ele informou ainda que, a partir de amanhã, os funcionários serão monitorados por um órgão independente, que deverá respaldar o laudo da empresa de que eles não estão contaminados.
O diretor da Eletronuclear disse ainda que a empresa tem um prazo de 30 dias para apurar as causas do acidente, mas já se sabe que o vazamento ocorreu por uma porta que estava aberta. “A gente já sabe que foi uma porta aberta”. O tipo de produto que vazou também está sendo apurado. “Está sendo investigado, porque tem ‘ene’ produtos ali”, afirmou.
Jordani disse que foi o primeiro acidente desse tipo em Angra 2, e que não tem como garantir que problemas dessa natureza nunca mais ocorrerão. “Eu não posso jurar para você que nunca mais vai haver um evento na usina, assim como não posso jurar que nunca mais vai cair um avião. Mas, todos os meios para evitar que isso aconteça estão sendo providenciados”. O diretor da Eletronuclear informou que só os Estados Unidos possuem 104 usinas nucleares e a França tem 58. No mundo, são mais de 600 usinas em operação. De acordo com Jordani, as usinas nucleares brasileiras são seguras e que pelo terceiro ano seguido elas receberam o certificado da World Association of Nuclear Operators (Wano) de usinas mais seguras do mundo.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 28/05/2009)