Prefeito de Angra dos Reis solicita mudanças no Plano de Emergência das Usinas Nucleares
O acidente com material radioativo na Usina de Angra 2, ocorrido no dia 15 e divulgado somente nesta terça (26/05), continua cercado de mistérios. Os quatro funcionários contaminados sequer foram apresentados. Em seu site, a Eletronuclear chegou a informar, anteontem, que seis trabalhadores foram monitorados. Nenhum nome foi divulgado pela empresa. A prefeitura de Angra informou que foi avisada do acidente uma hora e 20 minutos após o início do problema, mas através de um simples formulário, no item de evento não usual (ENU), e não foi comunicada sobre a contaminação de funcionários.
— A Defesa Civil recebe em média 10 ENUs por ano. São relatos de eventos corriqueiros, como uma queda de energia. Estamos pedindo que eles passem a ser mais detalhados, sem muito linguajar técnico. Como agentes públicos, temos que saber o que está acontecendo nas usinas —reclamou o prefeito de Angra, Tuca Jordão.
Ele pretende pedir, na terça-feira, que o Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro faça mudanças no Plano de Emergência das Usinas Nucleares de Angra dos Reis (Sipron) — que envolve órgãos federais, estaduais e municipais. Já o Ministério Público Federal abriu uma investigação e intimou o Ibama, responsável pelo licenciamento da usina, a prestar esclarecimentos em 72 horas. O subsecretário de Defesa Civil de Angra, José Carlos Lucas Costa, disse que o acidente alertou para uma falha no planejamento para casos de emergência.
Já o professor Achilino Senra, vice-diretor da Coppe e professor de energia nuclear, considerou correto o procedimento adotado pela Eletronuclear e pela Cnen. Segundo ele, o acidente está no nível mais baixo de risco da escala, sem ter oferecido perigo para o meio ambiente e para os moradores: — Se fosse um acidente grave, é claro que a comunicação teria que ser mais rápida.
(Por Taís Mendes e Maria Elisa Alves, O Globo / Jornal da Ciência, 28/05/2009)