Em declarações dadas durante sua entrevista coletiva semanal, concedida às terças-feiras, no Palácio de López, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, falou sobre os avanços nas negociações com o Brasil em relação à polêmica envolvendo a usina binacional de Itaipu. “Foram registrados vários avanços nas negociações mantidas por Paraguai e Brasil sobre a hidrelétrica Itaipu e, em um prazo breve, serão dados a conhecer os resultados dos progressos obtidos nas tratativas com os brasileiros”, afirmou, sem maiores detalhes, o presidente paraguaio.
Como êxito maior, no entanto, Lugo destacou o fato de que “o governo brasileiro aceitou negociar toda uma agenda com um conjunto de temas pendentes pela má prática de três décadas de governos anteriores”. No mês de junho, Lugo volta a encontrar-se com seu colega Luiz Inácio Lula da Silva para debater temas relacionados à binacional e à relação entre os dois países. A expectativa é de que o encontro ocorra ainda na primeira quinzena, nos municípios fronteiriços de Hernandarias ou Ciudad del Este.
Paralelamente, nesta quarta-feira (27/05), o diretor paraguaio de Itaipu, Carlos Mateo Balmelli, reúne-se em São Paulo com representantes do setor industrial, juntamente com o diretor brasileiro, Jorge Miguel Samek, para sabatina organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Um dos objetivos de Mateo, conforme declarações reproduzidas pelo jornal ABC Color, é defender a proposta de venda direta da energia paraguaia no mercado brasileiro, sem o intermédio da Eletrobrás, e a gradualidade na quebra da obrigatoriedade da venda da energia paraguaia à referida companhia. “O Paraguai não vem com a palma da mão aberta para pedir esmola ou caridade”, afirmou o diretor paraguaio. “Vem com a oferta de transformar a produção de energia em um negócio que beneficie tanto o Brasil, como o nosso país”.
Armadilha brasileira
Por outro lado, o jornal ABC Color publica, na edição desta quarta (27/05), um editorial intitulado “O Itamaraty Prepara Nova Armadilha com Samek”, em referência ao fato de que o diretor brasileiro vem mostrando-se “chamativamente 'flexível' com a possibilidade de que o Paraguai venda sua energia no mercado brasileiro”. “Mas suas declarações seriam, na realidade, uma cuidadosa estratégia do Itamaraty para fazer aparecer como importantes algumas migalhas ou espelhinhos que está preparando. O que há por trás das supostamente novas declarações de Samek?”, questiona o jornal.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 27/05/2009)