A Eletronuclear já concluiu as obras para troca dos geradores de vapor da Usina Nuclear de Angra 1 e decidiu antecipar de 6 para 4 de junho a retomada das atividades na unidade. "No momento, estamos preparando o retorno da unidade à geração de energia elétrica”, informou o superintendente adjunto de Angra 1, Olívio da Conceição Napolitano. As obras começaram em março. Em entrevista à Agência Brasil, o engenheiro disse que não há nenhuma correlação entre Angra 1 e o acidente em Angra 2, no último dia 15, causado por falha no procedimento da descontaminação de um equipamento, que provocou a liberação de material radioativo internamente. “Não há nenhum contato em relação às tarefas que estão sendo realizadas em Angra 1”.
Segundo ele, nessa usina, não há qualquer evento relacionado à atividade de radiação, nem em termos de segurança nuclear. Todas as providências referentes à segurança dos funcionários e das instalações foram tomadas durante a troca dos geradores, afirmou. Localizada em Angra dos Reis, no litoral fluminense, Angra 1 representa 20% do consumo de energia do estado do Rio. A usina voltará a operar com sua capacidade nominal anterior de 657 megawatts (MW) elétricos – estava gerando 520 MW, que correspondem a 83% de sua capacidade. “Era uma precaução para preservar a vida do gerador de vapor, porque se trabalha com uma temperatura menor. Essa era a estratégia”, explicou. Napolitano. Os equipamentos estavam em operação desde 1982, quando a usina foi ligada. De acordo com Napolitano, esse período não representa o tempo de vida útil do equipamento. “Um gerador de vapor tem a idade aproximada de uma usina nuclear, que é de 40 anos.”
Instalados desde o início do funcionamento da usina , os geradores foram projetados com a liga metálica Inconel 600, que, depois de certo tempo de operação, com pressão e temperatura elevadas, apresentou corrosão. “Isso não aconteceu só em Angra 1, mas também em outras usinas”, ressaltou Napolitano. Segundo o engenheiro, pelo menos 80 usinas em todo o mundo já trocaram geradores de vapor equivalentes aos de Angra 1. Embora a troca antecipada não fosse esperada, a substituição dos geradores é um procedimento normal, como ocorre com qualquer outro grande equipamento em uma unidade nuclear. Os novos geradores foram construídos pela empresa Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, sob supervisão da companhia francesa Areva. Cada gerador pesa 330 toneladas.
O custo total, incluindo compra dos equipamentos, processo de substituição e projetos, é de cerca de R$ 400 milhões, mas o valor poderá mudar, pois o preço é atrelado ao dólar. O trabalho envolveu 2.500 pessoas no período de pico. Foram contratados 1.500 profissionais brasileiros e 500 estrangeiros que se juntaram aos 500 que trabalham em Angra 1. A Eletronuclear pretende, como atividade futura, incrementar em 7% a potência de Angra 1, o que significa um acréscimo de 47 MW. Napolitano disse que, para isso, será necessário fazer algumas melhorias no tubo gerador e no sistema de água de alimentação. Isso já está previsto no programa de investimento plurianual da empresa para 2015. Segundo Napolitano, nessa época, a usina já poderá gerar 700 MW de energia. Ele acrescentou que já foi feita toda a análise de segurança para esse aumento de potência.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 27/05/2009)