Saída não tem relação com caso de fraude na Sema, diz assessoria. Governo admitiu irregularidade em sistema de comércio de madeira
O secretário de Meio Ambiente do Pará, Valmir Ortega, deixou o cargo, informou o governo do estado nesta quarta-feira (27/05). Segundo a assessoria da governadora Ana Julia Carepa (PT), a saída de Ortega foi definida de comum acordo e não tem relação com o suposto esquema de corrupção na Secretaria de Meio Ambiente tornado público na segunda-feira.
A assessoria do governo ressalta que foi iniciativa do próprio Ortega a investigação de irregularidades cometidas no sistema que controla o fluxo de madeira no estado. Ele estaria saindo do cargo, afirma o governo, principalmente por causa das grandes pressões que vinha sofrendo para autorizar novas áreas de manejo florestal, muitas vezes em áreas irregulares.
O substituto de Ortega será Aníbal Picanço, que até então ocupava o cargo de superintendente do Ibama no estado. O Globo Amazônia tentou entrar em contato com o secretário demissionário, mas não conseguiu localizá-lo até o fechamento desta reportagem.
Fraude
Na segunda-feira, o governo paraense admitiu que uma fraude no sistema liberou para venda cerca de dois mil caminhões de árvores cortadas de forma ilegal. Segundo nota oficial, o estoque de madeira autorizada para corte, que é controlado pela Sema, foi alterado por funcionários da própria instituição. Nove pessoas foram afastadas para a apuração das irregularidades. A fraude teria facilitado o comércio de 50 mil metros cúbicos de madeira ilegal. Considerando o preço médio das toras na região, a operação envolve cerca de R$ 15 milhões. Entre as espécies autorizadas há ipê, maçaranduba, angelim e sucupira, todas de alto valor comercial.
Investigações preliminares indicam que a movimentação nos saldos de estoque foi feita de dentro da própria Sema, já que não haveria indícios do ataque de hackers. Para entrar no sistema, foram utilizadas senhas de funcionários do governo, e as mudanças foram feitas fora do horário de expediente. Um processo disciplinar foi aberto na secretaria para a apuração das fraudes. Segundo o governo do Pará, todas as informações sobre o caso estão sendo repassadas ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal.
(Globo Amazônia, 27/05/2009)