Cientistas da Universidade Queens, no Reino Unido, descobriram uma forma não poluente de dissolver madeira, possibilitando transformá-la em produtos tão diversos quanto biocombustíveis, tecidos e papel. Hoje, a técnica de quebra química da madeira é possível por meio de um método criado no século XIX, chamado processo Kraft, que gera uma série de subprodutos nocivos ao meio ambiente. Ainda assim, ele é tolerado porque não há alternativas.
Lignina e celulose
A nova técnica utiliza líquidos iônicos para dissolver cavacos de madeira, em um processo que exige condições relativamente amenas de temperatura e pressão. Controlando a adição de água e de uma solução de acetona, a madeira dissolvida foi parcialmente separada em lignina pura e em uma solução rica em celulose. "Esta é uma descoberta muito importante porque a celulose e a lignina têm uma grande variedade de utilizações. A celulose pode ser usada para fazer papel, biocombustíveis e fibras para tecidos, assim como ser a base para outros materiais e compostos químicos," explica o professor Robin Rogers, um dos autores da descoberta. "A lignina pode ser usada para fabricar aditivos, como o reforço estrutural de peças de carros e aviões com uma fração do peso dos materiais de reforço atuais. Ela é também uma fonte de outros químicos que hoje são obtidos principalmente a partir do petróleo," complementou Rogers.
Biorrefinaria
Os pesquisadores acreditam que o seu trabalho é um passo importante rumo ao desenvolvimento do conceito de biorrefinaria, onde a biomassa poderá ser transformada em uma grande variedade de químicos. A biorrefinaria usa biomassa, ao contrário das refinarias atuais, que usam petróleo e gás natural. Agora os pesquisadores querem aprimorar sua técnica, estudando a adição de catalisadores para otimizar as reações, assim como acrescentar aos líquidos iônicos outros aditivos ambientalmente benignos, que poderão eventualmente otimizar o processo.
Eles acreditam também ser possível atingir uma melhor dissolução da madeira mesmo sob condições ainda mais amenas - pressão e temperaturas mais baixas. Outro foco da pesquisa é a tentativa de alcançar a separação completa dos diversos elementos em um único passo.
(Inovação Tecnológica, 28/05/2009)