Pelo menos 150 pefeituras das regiões Norte e Noroeste gaúchas e agricultores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina realizam mobilizações nesta terça e quarta-feira por medidas contra a estiagem. Manifestantes reclamam que R$ 40 mi liberados pelos governos federal e estadual é pouco.
Porto Alegre (RS) - Prefeituras municipais gaúchas e pequenos agricultores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina voltaram a se mobilizar nesta terça-feira (26) para pressionar os governos federal e estaduais por mais medidas contra a estiagem. As verbas de R$ 20 mi anunciada na semana passada pelo governo federal e os outros R$ 20 mi anunciados pela governadora Yeda Crusius foram consideradas insuficientes.
O presidente da Associação dos Municípios da Zona da Produção (AMZOP) e prefeito de Novo Barreiro, Flávio José Smaniotto, relata que as cidades já contabilizam perdas de estiagens de outros anos.
"Esse recurso não é suficiente porque não vai atender aos anseios e as necessidades da nossa população. Nossa região é totalmente agrícola e já vem vindo de várias secas que vêm atingindo nossos municípios. Se fosse suficiente nós estaríamos trabalhando, porque os prefeitos querem trabalhar, mas chegou a um ponto que não podemos mais trabalhar", reclama.
Pelo menos 150 prefeituras das associações de municípios das regiões da Produção, Nordeste, Celeiro, Alto Uruguai e do Alto da Serra do Botucaraí paralisaram as atividades durante todo o dia, sendo mantidos somente os serviços emergenciais de saúde e coleta de lixo.
Já cerca de 5 mil camponeses bloquearam trevos de acesso nas cidades gaúchas de Santana do Livramento, Hulha Negra e Santo Antônio das Missões e rodovias em Canguçu e Tupanciretã. Em Palmeira das Missões, no Norte do estado, agricultores fecharam a agência do Banco do Brasil.
Também foram trancadas as pontes na BR-470 entre a cidade de Barracão (RS) e Campos Novos (SC) e na divisa com a cidade catarinense de Goio-Ên. Em Santa Catarina, manifestações aconteceram em São Miguel do Oeste e Palmitos.
O integrante da Via Campesina, Plinio Simas, enfatiza que o emergencial seriam mais verbas para as prefeituras e o bolsa-estiagem para os agricultores atingidos. No entanto, a pauta de reivindicações inclui mudanças estruturais, como mais investimento em irrigação.
"As prefeituras estão pedindo R$ 300 mil até 10 mil habitantes e R$ 500 mil para prefeituras com população acima de 10 mil. E que é o cálculo que precisa e nós assinamos embaixo. Esses R$ 20 mi são insignificantes. E não queremos dividir com o Nordeste, queremos que continuem com os R$ 880 mi de verbas, até mais, mas queremos também ser visto e ser reconhecido", diz. As mobilizações das prefeituras prosseguem nesta quarta-feira. Já os agricultores ligados à Via Campesina e à Fetraf-Sul devem aumentar as manifestações. Estão previstas atividades nas cidades de Soledade, Santa Cruz do Sul e Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul, e em Campo Belo do Sul, em Santa Catarina.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 26/05/2009)