Insatisfeitos com cobrança de tarifa, sem-terra provocaram tumulto e quebraram cancelas na praça de Canguçu
Uma praça de pedágio na rodovia Pelotas-Canguçu (BR-392), em Canguçu, virou ontem alvo da ira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Insatisfeitos com a necessidade de pagar a tarifa, integrantes depredaram o local, mas saíram impunes. A Brigada Militar (BM) não prendeu nenhum responsável pela ação.
Ovandalismo ocorreu às 9h30min, quando os manifestantes do MST estacionaram os ônibus a 500 metros do pedágio. Os 150 participantes do protesto foram até a praça e forçaram as cancelas, quebrando o sistema de acionamento automático. O quebra-quebra durou aproximadamente 15 minutos. Depois de deixar alguns veículos passarem sem pagar a taxa para trafegar na rodovia, o MST retornou aos ônibus e seguiram viagem.
Eles rumaram para protestar no centro de Canguçu. Antes de chegarem à cidade, eles foram interceptados por 80 policiais da BM.
Sem poder avançar, criou-se um impasse entre os integrantes do movimento e os policiais militares. Devido ao ataque à praça de pedágio, a BM tentou identificar e revistar todos os sem-terra. Os manifestantes, porém, negaram-se a prestar as informações. De acordo com o chefe do Estado Maior do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) Sul, tenente-coronel Utinguaçu de Farias Rosado, duas pessoas se apresentaram como os autores do vandalismo e foram notificadas com termos circunstanciados por dano ao patrimônio.
– Pelo dano ser pequeno e por eles terem se apresentado, não houve a prisão – explicou o oficial.
Depois de cinco horas de discussão com a BM, os manifestantes desistiram do protesto no centro da cidade e retornaram para os assentamentos. Em sete ônibus, eles foram escoltados até o interior por viaturas.
A concessionária Ecosul – responsável pelo trecho – ainda não calculou os prejuízos do vandalismo. Das cinco cancelas, três foram quebradas. Os funcionários não foram atacados.
A concessionária oficializou a queixa contra os manifestantes para a BM, que relatou os fatos nos termos circunstanciados que serão encaminhados à Justiça.
Prática se tornou comum no Paraná
Comum no Paraná, a depredação de pedágio no Estado surpreendeu dirigentes do setor. Segundo o diretor regional da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Paulo Oiama, nos últimos anos o Estado só havia registrado casos isolados de ataques. Apesar de alimentar o temor de novos protestos, o dirigente acredita que a situação não se assemelhará à tensão em pedágios paranaenses, onde os sem-terra chegam a invadir as praças e abrir as cancelas por horas.
– Tomara que nada mais aconteça. Os pedágios não têm segurança suficiente para conter essas ações e os funcionários ficam indefesos – afirma.
(Zero Hora, 28/05/2009)