Debate foi promovido pelo PET de Psicologia. Encontro reuniu estudantes de áreas que lidam com a questão no dia-a-dia.
A polêmica sobre a utilização de animais em pesquisas científicas foi discutida na tarde desta terça-feira, 26 de maio, na Universidade de Brasília. Em mais uma edição do ciclo de debates Conflito e Reflito, organizado pelo PET de Psicologia, estudantes de Biologia e de Psicologia se posicionaram a favor e contra a utilização de animais em experimentos científicos.
A estudante de Psicologia Priscila Fernandes do Prado defendeu a utilização de camundongos e primatas nos estudos. “Esses animais são necessários para viabilizar pesquisas que vão gerar benefícios aos humanos”, disse. Segundo ela, os bichos são “intermediadores necessários", pois permitem que a vida humana não seja colocada em risco. “Devido às semelhanças que existem entre o organismo dos animais e o dos humanos, é possível ver que quando algo acontece neles, pode acontecer também nos homens”, argumentou.
Contrária à utilização das cobaias, Larissa Cristina Portela, aluna da Psicologia, lembrou que, apesar das semelhanças fisiológicas, há remédios que apresentaram inúmeros efeitos adversos no homem mesmo tendo sido testados em animais. “É preciso reforçar a busca por técnicas menos ofensivas à natureza”, disse. Roxanne Cassiano Silva, aluna do curso de Biologia, citou pesquisas que já descartam o uso de animais. “Isso já acontece na indústria cosmética, e se os cientistas quiserem, podem, sim, criar técnicas que poupem os animais”, ponderou. De acordo com a estudante, as cobaias são utilizadas por “acomodação” dos pesquisadores. “É mais barato usar animais do que desenvolver técnicas sofisticadas de pesquisas que os dispensem.”
Priscila rebateu o argumento, lembrando que, na Psicologia, “por mais avançadas que sejam as técnicas, elas não conseguem reproduzir a vida”. “O que nós estudamos é o comportamento, e nenhuma tecnologia ou programa de computador pode substituir o que observamos, analisando os animais em interação com o ambiente.”
No debate, também foi lida a lei federal que regulamenta o uso de animais em atividades de ensino e pesquisa. Conhecida como Lei Arouca (de autoria do ex-deputado federal Sérgio Arouca), a norma foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro do ano passado. Entre as exigências da nova lei, está a determinação de que todas as pesquisas passem por uma comissão de ética antes de serem colocadas em prática. Além disso, a regra proíbe a reutilização de animais em mais de uma pesquisa e exige a morte das cobaias sem que lhes seja infligido sofrimento.
(Ascom UnB / Envolverde, 27/05/2009)