Enquanto a Pontifícia Academia das Ciências discutia os prós dos organismos geneticamente modificados, o Pe. Sean McDonagh defendia o ponto de vista dos "contras". Ele organizou uma pequena demonstração próximo da Piazza del Popolo, que contou com a participação de alguns movimentos políticos de centro-esquerda da Itália. Um grande banner dizia: "Não aos OGMs, sim à segurança alimentar", e um pequeno cartaz dirigido ao encontro do Vaticano: "Pontifícia Academia, não se alie a esses que, promovendo os OGMs, contribuem com a fome no mundo. Ouçam as palavras do Santo Padre!".
John L. Allen Jr., do sítio National Catholic Reporter, 19-05-2009, conversou com dois representantes de ambas as posições, em entrevistas que refletem as duas visões do debate. Uma delas foi realizada com o professor Bruce Chassy, especialista em segurança alimentar da Universidade Urbana-Champaign, de Illinois, que está participando da semana de estudos do Vaticano. Desta vez, publicamos a conversa com o Pe. Sean McDonagh, que organizou o evento alternativo nos arredores de Roma. Sacerdote irlandês da congregação dos Missionários Columbanos, McDonagh viveu por mais de 20 anos nas Filipinas e é um crítico público dos transgênicos.
Conhecido escritor sobre temas ambientais, McDonagh publicou, em 2003, o livro "Patenting Life? Stop! Is Corporate Greed Forcing us to Eat Genetically Engineered Food?". Eis a entrevista.
Os promotores dos transgênicos anunciam-lhes como uma estratégia para combater a fome. Por que o senhor afirma exatamente o contrário?
Pe. Sean McDonagh - Neste momento, quase todos os transgênicos (canola, arroz Bt, soja) são, na verdade, rações animais. Está se reforçando uma dimensão carnívora nas dietas das pessoas em todo o mundo. Estima-se que, com uma dieta asiática tradicional, incluindo uma pequena porção de carne, podemos sustentar cerca de oito ou nove bilhões de pessoas no planeta. Mas se formos pela via europeia de comer um monte de carne, seremos capazes de suportar talvez um bilhão e meio ou dois bilhões. Em outras palavras, a direção em que os transgênicos vão irá criar fome e miséria em muitas partes do mundo. Essa é a principal razão.
Em segundo lugar, porque todas as sementes geneticamente modificadas estão agora patenteadas. Está se dando um enorme controle sobre as sementes dos cultivos básicos do mundo a um punhado de corporações. Começou com o arroz, depois o milho, agora estão de olho no trigo e nas batatas. Isso deveria ser totalmente inaceitável para qualquer pessoa. Esqueça a ciência sobre se eles são seguros ou não.Dar o controle sobre as sementes a seis empresas ocidentais, nos Estados Unidos e na Europa, é ultrajante.
Eu tenho um problema particular com a patente de organismos vivos. Isso entrou na realidade humana por meio de uma decisão da Suprema Corte dos EUA em 1980, com o caso Diamond versus Chakrabarty. Isso nunca foi discutido em nenhum parlamento do mundo. Esse controle extraordinário – eu até o chamaria de dominação – foi dado às empresas. A propósito, isso surge ao mesmo tempo em que essas mesmas pessoas promovem o "livre comércio". Os níveis de injúria e de falsidade envolvidos são na verdade gigantescos. Se o livre comércio é bom, por que a livre partilha de conhecimento não seria boa?
Eu cheguei a essa conclusão a partir da perspectiva de um missionário. Eu vivi nas Filipinas por 25 anos e vi os resultados contraditórios, mesmo da Revolução Verde, sobre os pobres. Os transgênicos irão apenas exacerbar isso, não apenas porque você terá que comprar as suas sementes, mas também terá que comprar o glifosato, que é o Ready Roundup (um herbicida produzido pela Monsanto, projetado para o uso sobre os cultivos geneticamente modificados). Você terá colheitas com múltiplas variedades geneticamente manipuladas dentro nelas. Haverá todo tipo de problemas para a saúde humana e o meio ambiente, mas, mesmo que não houvesse, você não iria querer essas peculiaridades.
O que o senhor diz a respeito dos impressionantes resultados da produção?
McDonagh - A questão do recente estudo "Failure to Yield", da Union of Concerned Scientists, é que o crescimento dos rendimentos nas colheitas ao longo dos últimos 25 a 30 anos veio dos cultivos convencionais. Não tem nada a ver com os transgênicos, ou apenas muito pouco. Esse relatório foi publicado há apenas duas semanas. Eu o considero um estudo muito objetivo. Ele analisa a soja, a canola, e assim por diante. Não há nenhum crescimento na produção, o que ocorreu na Revolução Verde, então é bem diferente.
Minha preocupação central, porém, é o fato de dar esse controle às empresas. Por exemplo, 60% da alface nos Estados Unidos estão agora controlados pela Monsanto. Isso é assustador. No século XIX, todo o tipo de agências de seguros e trocas foram criadas para atender aos monopólios. Claro, esses eram monopólios de coisas como telefones. Agora, eles querem construir um monopólio de alimentos. Note, isso é precisamente o que eles estão buscando.
Alimentar o mundo tem a ver com distribuir alimentos àqueles que precisam, ou distribuir terras para que as pessoas possam produzir seu próprio alimento. Eu sempre dou o exemplo do Brasil. Ele é agora o quarto maior exportador de alimentos do mundo, principalmente de rações animais para a Europa e os EUA. Lá, porém, 35 a 36 milhões de pessoas vão dormir com fome todas as noites.
Mesmo que os transgênicos aumentem a produção, esse alimento extra irá para as pessoas que o necessitam? A verdade é que não irá, porque a Monsanto não é a Sociedade São Vicente de Paulo. Eles estão atrás de gerar um grande lucro. Eles querem conseguir o controle do monopólio e não escondem isso.
Todos os especialistas em agências de desenvolvimento católica assumiram a posição de que essa não é a forma de se dirigir à segurança alimentar e de que não há uma solução para a fome. O que se precisa é de reforma agrária, ajuda financeira e agricultores de pequena escala, mercados em que eles possam obter valor para que não sejam pegos pelo intermediário. Eu passei mais de 40 anos nessa espécie de trabalho e eu sei que essa é a maneira de ir adiante.
Também precisamos promover a diversidade na dieta. Esse é todo o problema do suposto "golden rice" [arroz de ouro]. Por que se precisa dizer às pessoas pobres que elas têm que comer arroz três vezes por dia? Por que não um pouco de vegetais, para que possam adquirir toda a vitamina A de que precisam? Para mim, é extraordinário que 100 milhões de dólares tenham sido gastos com o "golden rice" quando se poderia disponibilizar um monte de sementes vegetais nos países em desenvolvimento com essa quantia.
E a questão da segurança?
McDonagh - A resposta é que eu não sei. Esse é o ponto. Estudos feitos, por exemplo, por Arpad Pusztai em 1999 sobre o milho Bt, ou com as batatas Bt que foram dadas a ratos, encontraram problemas nos órgãos centrais dos animais e problemas também em seus cérebros. Sendo um bom cientista, ele não disse: "Agora devemos rejeitar a tecnologia". Ele disse que devemos analisar e ver onde o problema pode estar. Ele quis ver se o problema estava no próprio gene, porque foi colocado no organismo alvo um gene que normalmente o sistema imunológico do organismo atacaria. Isso é o que sistema imunológico faz. Ele estava pronto para ir ao encontro das várias dimensões dessa questão – por exemplo, é ele o causador, Isto é, o vírus ou a bactéria que é usada, na verdade, para trazer material genético por meio de outro organismo? O que aconteceu, claro, virou história. Ele foi demitido do Instituto Rowett, na Escócia. Foi acusado de ser um mau cientista. Eles disseram que essa pesquisa nunca seria publicada na The Lancet [principal revista médica do mundo], o que, na verdade, ele conseguiu. Tudo que ele basicamente estava dizendo é que essa tecnologia cria problemas, e nós devemos analisá-los.
O problema das agências reguladoras neste momento é que elas estão muito ligadas aos interesses políticos e econômicos. Os EUA são um ótimo exemplo. É impressionante como a Monsanto é profundamente ligada à Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA [EPA, na sigla em inglês] e ao Food and Drug Administration [FDA, órgão de controle dos alimentos]. Existe um problema real aqui, como um pesquisador mostrou com relação à batata Bt. Quando ele foi ao FDA, eles disseram: "Nós lidamos com batatas, mas não com o tipo geneticamente modificado. Isso é com a EPA". Quando ele foi à EPA, disseram: "Nós não lidamos com alimentos, nós tratamos com químicos". Entre eles, não conseguiram explicar qual dos dois era responsável por permitir que isso fosse levado ao mercado.
O problema real é que toda a pesquisa feita com esses organismos geneticamente modificados é feita pelas empresas, que então ganham trilhões de dólares. A biotecnologia é uma das poucas indústrias que não se afundou na atual crise econômica, pela simples razão de que temos que comer todos os dias. Quase não há uma verificação independente. Um cientista russo chamado Ermakova estudou a soja Bt e descobriu algo semelhante ao que Pusztai descobriu com as batatas. Eu acredito que é incumbência do governo fazer ciência pública e proteger o bem comum dos cidadãos comuns.
Agora, somos todos porcos-da-guiné [espécie de cobaia]. Não sabemos qual será o impacto e serão necessárias duas ou três gerações antes de que o descubramos. Não esqueça, com os CFCs [compostos de clorofluorcarbono] que destruíam a camada de ozônio passaram-se 60 anos para que descobríssemos que eram prejudiciais. Eles foram considerados o produto químico milagroso, não tóxico e assim por diante. Não era possível conseguir nada melhor. Foi um único homem, o cientista britânico Joe Farman, que descobriu em pesquisas de solo na Antártica que, na verdade, os CFCs estavam causando danos irreparáveis à camada de ozônio.
É a mesma coisa com o impacto sobre o meio ambiente: nós não sabemos. Mas sabemos que, ao levar os transgênicos para um país como as Filipinas, onde não temos nem ideia de quantas espécies realmente existam ali, então estamos jogando roleta russa.
Que outras preocupações de justiça o senhor tem com os transgênicos?
McDonagh - Eu tenho uma preocupação particular sobre se eles introduzem – o que ameaçam fazer – esse gene "terminator", uma planta cujas sementes são geneticamente bloqueadas para a reprodução. Eu acredito que essa é uma questão moral enorme. Está se criando algo que não irá germinar em uma segunda floração. Eu nem consigo imaginar algo semelhante. Eu odeio a palavra "mal", mas isso é certamente errado moralmente. É incrível que alguém possa criar um organismo que é deliberadamente estéril, particularmente na área dos alimentos. O alimento é um dom para todos nós e é obviamente necessário para a vida humana.
As companhias defendem que, se eles não podem proteger seus investimentos, não há incentivos para fazer pesquisas e para desenvolver melhores produtos.
As evidências mostram o oposto. Se você olhar para a história das patentes, muitos países, incluindo os EUA, roubaram patentes de outros países até que conseguiram que os seus processos econômicos e tecnológicos estivessem em crescimento. Um economista coreano em Cambridge fez um estudo muito bom a respeito e chamou isso de "chutando a escada". Pede-se que esses chamados países em desenvolvimento sigam as leis de patente, mas vamos ver se algum de vocês realmente as seguem – começando com a Inglaterra pós-Tudor, passando pelos EUA e, mais recentemente, pelo Japão e Coreia.
As patentes são para relógios, não para alimentos. As patentes sempre devem levar em consideração o intercâmbio entre o bem individual e o bem comum. Alimentos, água e ar não devem estar sob um regime de patentes, porque todos nós precisamos deles. Se você não tiver ar por cinco minutos, você morre; se você não tiver água por cinco dias, você morre; e se você não tiver alimentos durante 60 dias, você morre. Para os cristãos, esse é o primeiro pedido do Pai Nosso: "O pão nosso de cada dia nos dai hoje". É uma questão importante, e eu acho que as patentes são completamente deslocadas moralmente. As Igrejas, especialmente a católica, que se dizem pró-vida, têm uma séria crítica moral a essa arrogância.
Também é roubo, porque o que eles patenteiam? Eles patenteiam uma pequena dimensão disso. E os agricultores das Filipinas que, durante os últimos cinco mil anos, criaram todas as outras espécies? E os agricultores do altiplano do Peru que criaram cinco mil variedades de batatas? Eles serão recompensados? Eu acho que os governos deveriam estabelecer processos para dizer: "Ok, este é o dinheiro que vocês gastaram, isso é um valor para a sociedade, e por isso você deve ganhar uma quantia 'x' de dinheiro". A propriedade, porém, é algo completamente diferente.
Também há outra dimensão da injustiça. O mundo do Norte, os Estados Unidos e a Europa, é biologicamente pobre. A Irlanda, por exemplo, tem dez espécies de árvores. Onde eu trabalhei nas Filipinas, eu ganhei dinheiro do governo da Austrália para estudar uma floresta local. Em um único hectare, você encontra mais de 130 espécies de árvores. Existem cinco mil espécies no total naquela floresta. O Sul é biologicamente rico, mas financeiramente pobre. Os países do Norte estão usando acordos de comércio para ir para o Sul, tirar vantagem de sua diversidade, mudar levemente algumas partes dela e então levá-la de volta para patenteá-la. É exploração do pior tipo possível. Faz com que Magellan, Cromwell e os irmãos Pizarro pareçam vendedores de bugigangas.
O senhor acredita que a Pontifícia Academia das Ciências está sendo explorada?
McDonagh - Está sendo. Ela é a Pontifícia Academia das Ciências, então vamos começar com a parte do "pontifícia". É uma organização católica. Quais são os reais especialistas da Igreja nessa área? Eu diria que são pessoas como eu. Eu diria particularmente que são as agências de ajuda e desenvolvimento, como a Misereor, Cafod e a Cáritas. Eles têm pensamentos tão restritos com relação a essa "expertise" na Igreja católica que nem convidaram uma única pessoa de alguma dessas agências.
Além disso, alguém que se diz cientista deve ouvir o outro lado. Isso remonta a Platão. Do que eles têm medo? Por que eles não realizam um colóquio decente lá? Além disso, por que não levam em consideração numerosos estudos independentes dos últimos três anos que concluíram que o caminho para a segurança alimentar não é por meio dos cultivos geneticamente modificados? Por que descartar tudo isso? Há um estudo bem recente da África sobre a produção das lavouras orgânicas que diz que esse é o tipo de coisas que deveríamos estar promovendo. Eu considero esse encontro claramente incompetente.
Por que o senhor acredita que eles estão fazendo isso dessa forma?
McDonagh - Eles querem se desfazer das regulações muito mínimas que temos neste momento. Eles disseram isso na introdução à semana de estudos, e todos eles dizem isso em seus resumos. Esse é o objetivo deles. O bispo Sanchez Sorondo [chanceler da Pontifícia Academia] disse que o propósito é examinar se os cultivos transgênicos são seguros, mas, me desculpe, não é esse o objetivo. O objetivo é usar o prestígio da Pontifícia Academia das Ciências e o seu bom nome para atingir os governos para que se possa reduzir a regulação.
Eu também diria que eles querem usar algo como o arroz de Potrykus como um aríete contra o processo regulatório. A estratégia é que, se você conseguir isso uma vez, você já estabeleceu um precedente. Eles dizem que querem fazer isso por razões altruísticas, mas essa linguagem para se falar sobre os pobres e sobre o desenvolvimento é obviamente enganosa. Eu sou um antropólogo profissional que trabalhou na área da economia do desenvolvimento. Eu a considero condescendente.
Os defensores dos transgênicos sugerem que o senhor é culpado pelo neocolonialismo, no sentido de que presume saber o que é melhor para a África e outros lugares.
Deixe que eles vão para lugares como o que eu estive nas Filipinas e perguntem por lá. Vamos para o sul do Brasil, ou da Argentina, onde isso está sendo empurrado sobre as pessoas. Façamos um estudo empírico real, e eu acho que se descobrirá que as pessoas que são afetadas por eles são muito negativas com relação aos transgênicos. Eu levanto esse assunto apenas porque eu vi o impacto sobre as pessoas que lá vivem. Eu acredito que tenho uma visão melhor do que está acontecendo nas Filipinas, por exemplo, do que qualquer pessoa da semana de estudos, incluindo a única pessoa das Filipinas que está lá, o diretor do International Rice Research Center [centro internacional de pesquisa sobre o arroz], mas ele é norte-americano.
Eu não era contra os transgênicos no começo. Quando eu desembarquei [nas Filipinas], eu lecionei antropologia e linguística na Universidade de Mindanao, a maior universidade agrícola da região. Naquela fase, pensei, se você pode plantar até onde os olhos podem ver, por que não fazer isso? Foi apenas quando eu comecei a ver os outros aspectos, incluindo a erradicação da diversidade genética, que eu mudei de ideia. Eu voltei a pensar na minha experiência irlandesa. Costumávamos ter enormes campos de batatas, e de repente, então, em 1845, um patógeno acabou com eles. Eu comecei a aprender um monte sobre a importância da biodiversidade.
O argumento pró-transgênicos é comparável ao que costumamos ouvir dos banqueiros. Eles costumavam nos dizer que precisamos de muito pouca regulação, porque somos empreendedores, somos as pessoas que criam a riqueza, que mandamos os meninos e as meninas para a escola e que somos nós colocamos o Euro na coleta da missa do domingo. Se um banqueiro se aproxima de você hoje e tenta dizer que não deve haver nenhuma regulação, todos nós vamos rir. Nós nem vamos nos unir a ele intelectualmente. Ocorre a mesma coisa com esses homens. A maré baixou, e, justamente por causa disso, estamos lidando com questões muito sérias.
A humanidade tem lembranças muito ruins das mudanças de biodiversidade nos lugares errados. É como o rapaz que trouxe coelhos para a Austrália com resultados desastrosos. Isso é ciência biológica, que é diferente de arquitetura ou de engenharia. Se esses rapazes fazem algo errado e o prédio desmorona, muito ruim, mas você pode consertar. A biologia se reproduz. O governo australiano não pode consertar os coelhos. O nível de regulação deve ser muitas vezes mais rigoroso do que isso.
A semana de estudos convidou um bispo africano. Qual o seu sentimento sobre a posição dos africanos com relação aos transgênicos?
McDonagh - Eu conversei com africanos, incluindo ordens religiosas, que trabalham nessa área. Recém tivemos uma conferência em Assis sobre ecologia e integridade da criação no coração da missão cristã. Existe todos os tipos de esforços por parte dos religiosos para construir uma agricultura orgânica na África. Eu acho que esse homem não deveria ter vindo. Se eles tivessem me convidado, eu não iria. Assim, você simplesmente lhes dá legitimidade, e ela não é corretamente estruturada. Eu não sou um geneticista nem um biólogo, mas, baseado na experiência que eu tenho como missionário, eu sei que essa não é a maneira para se buscar a agricultura sustentável. Se fosse, eles teriam as pessoas certas nesse encontro.
O senhor está preocupado com o fato de que o Vaticano pode publicar uma declaração oficial pró-transgênicos?
McDonagh - De forma nenhuma. Estávamos mais preocupados em 2003, quando o cardeal Renato Martino começou a falar sobre como, talvez, os transgênicos poderiam alimentar o mundo. Estávamos muito preocupados naquele momento, mas não tanto agora. O Pontifício Conselho Justiça e Paz, por exemplo, pode ainda não ter avaliado a ciência, mas eles começaram a ver o impacto sobre os países em desenvolvimento. No dia 1º de janeiro, foi publicado um artigo no L'Osservatore Romano em que Martino foi citado desse lado da questão.
(IHUnisinos / National Catholic Reporter, 23/05/2009)
Tradução é de Moisés Sbardelotto.