A maior cheia dos últimos 50 anos fez com que vários rios se juntassem no Amazonas, formando um imenso mar de água doce entre Manaus e o sul do estado. A cada chuva, novas áreas são alagadas. Quase não havia terra firme ontem ao longo dos 123 quilômetros em linha reta que separam a capital da cidade de Nova Olinda do Norte. As águas do Rio Amazonas se confundem com as de lagos como o Curucuru e do Sampaio. No povoado Careiro da Várzea, só se veem os tetos das casas. Mais ao sul, o Rio Madeira forma um conjunto só de água com o Paraná dos Altazes.
Estradas rurais, parcialmente submersas, estão interditadas. Vilas ribeirinhas e fazendas do interior estão ilhadas e são alcançadas apenas por barcos. Nas fazendas e assentamentos, o gado que ainda não foi removido se espreme no topo dos morretes. Mesmo as palafitas, construídas fora do alcance das cheias, foram atingidas pelas águas. No estado, mais de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas. Em Nova Olinda do Norte, com 30 mil habitantes, o Rio Madeira estava 3,5 metros acima da borda e inundava parte da cidade. O ancoradouro de barcos que transportam passageiros desapareceu sob o rio.
As doenças proliferam nas áreas alagadas. Só neste ano, segundo a secretária de Saúde de Nova Olinda, Rosemary Brasil, a cidade teve confirmados 146 casos de malária, três vezes mais que no mesmo período de 2008, ano mais seco. Uma equipe de assistência da Força Aérea Brasileira (FAB) com quatro médicos e um dentista atendia a população local ontem.
(Agência Estado / Gazeta do Povo, 26/05/2009)