Como era previsível, não será fácil criar no Ministério da Saúde uma secretaria especial de saúde dedicada aos povos indígenas. A própria Funasa e o governo (sem querer, querendo) boicotam essa criação. A MP está no Congresso sem se mover. Ninguém está interessado em apreciá-la. Recentemente o Ministério do Planejamento liberou à Funasa a contratação de mais de 800 servidores para preencher cargos temporários, e 420 para cargos efetivos, ambos no setor de saúde indígena. Esse pedido havia sido feito ainda no ano passado, antes da decisão forçada do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de criar uma nova secretaria.
Os índios que, de algum modo, fazem parte do sistema de saúde indígena, dentro da Funasa, estão estarrecidos. Já estavam certo de que a secretaria ia sair, que eles iriam ocupar cargos de segundo escalão, mas nada. Na Funasa, fala-se que essas contratações podem ser feitas e depois transferidas para a nova secretaria. Fala-se, mas, no fundo, espera-se que a coisa fique como está. Isto é, sem solução, para continuar a ser empurrada com a barriga. Na Funai, à qual também foi prometida a contratação de novos quadros, a dúvida é atroz. Será que sai mesmo? E por que não sai?
A luta da Funasa por manter a saúde indígena é sem tréguas. O seu presidente, por mais desmoralizado que esteja, continua a operar, à revelia do ministro Temporão, como se fosse o dono da bola. Tanto é assim que, entre ontem (20/05) e hoje (21), a Funasa convocou mais uma reunião para expor os resultados parciais de uma consultoria que trata da formulação de um novo modelo de implantação de saúde indígena. Um consórcio formado por um tal Institute of Development Studies e a Cebrap (do grupo do presidente Fernando Henrique Cardoso) bolaram um novo modelo de saúde indígena.
Dá para acreditar? A Funasa tem muito dinheiro e o gasta como quer. Quantos modelos já saíram por aí e até agora não conseguiram melhorar o atendimento aos povos indígenas.
(Blog do Mércio, 21/05/2009)