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passivos do petróleo reservas brasileiras de petróleo exxon mobil
2009-05-25

A descoberta da gigante Exxon Mobil no pré-sal na Bacia de Santos poderá ter reservas de petróleo capazes de competir com as de Tupi como a maior descoberta do Hemisfério Ocidental nos últimos 30 anos. Mas o Brasil precisa ter cuidado com os elevados custos e os impactos ambientais. O alerta é da escritora americana Antonia Juhasz, autora do livro “A tirania do petróleo”, lançado aqui pela Ediouro.

O Globo - Como a senhora avalia as descobertas de petróleo no pré-sal pelo Brasil?

Antonia Juhasz - Eu apenas alertaria o Brasil para ter em mente os inúmeros problemas sérios associados à grande produção de petróleo, além de ter cuidado com aqueles aos quais se alia. A descoberta da Exxon Mobil na costa brasileira pode ter petróleo suficiente para rivalizar com Tupi como a maior descoberta do Hemisfério Ocidental em 30 anos. Entre os vários abusos corporativos da Exxon, há um processo por violação de direitos humanos na Indonésia e em outros países. Os brasileiros também deveriam estar atentos para os elevados custos ambientais da exploração offshore (no mar).

Qual é sua opinião sobre o programa brasileiro de etanol e o biodiesel?
Juhasz -
 Em lugar de elevar os combustíveis alternativos como o etanol, que, já se viu, substituem e elevam os preços de grãos vitais para a alimentação, eu recomendo reduzir o uso de todos os combustíveis e investir agressivamente em transporte público de massa, cidades mais adequadas a pedestres, ciclovias e sistema de energia verde.

Mas as petrolíferas investem em fontes alternativas...
Juhasz -
Todas as grandes petrolíferas têm gasto milhões de dólares em anúncios e relações públicas para convencer as pessoas de que estão fazendo maciços investimentos em fontes alternativas e renováveis de energia. Examinei as declarações de Imposto de Renda de cada uma das grandes petrolíferas e descobri que nenhuma delas gasta mais que 4% de seu orçamento total de pesquisa em fontes alternativas de energia.

Não é ilusão pensar que as Big Oil vão parar de investir no aumento da produção?
Juhasz -
Sim. É aqui que entramos. Temos de regulamentar as operações das petrolíferas, para assegurar que estas sejam consistentes com necessidades sociais mais amplas, com o planeta em que vivemos.

Como conciliar essas duas tendências?
Juhasz -
Temos de regular nossas economias para investir em alternativas ao petróleo. Mas continuaremos a precisar dele. Precisamos regulamentar a indústria para torná-la limpa e segura.

Nos anos 70 e 80 as petrolíferas eram as Sete Irmãs, e agora são as Big Oil...
Juhasz -
Após o segundo choque do petróleo, as Sete Irmãs (Exxon, Mobil, Chevron, Texaco, Gulf, BP e Shell) se fundiram, tornando-se quatro, que engoliram outras pelo caminho. O poder que as sete detinham ficou ainda mais centralizado e se consolidou nas mãos de um grupo menor ainda, as Big Oil (ExxonRoyalDutch Shell, BP, Chevron, ConocoPhillips e Total).

As Big Oil têm forte influência no governo dos EUA?
Juhasz -
Devido a seus lucros vultosos e sem paralelo, as Big Oil têm sido a indústria mais influente na política americana — particularmente durante os dois governos Bush. Essa influência começou com o surgimento da Standard Oil Company, há 150 anos.

Por que tanto poder?
Juhasz -
O petróleo é central para a economia global e, por isso, influencia significativamente o poder detido pelas petrolíferas. As dez maiores petrolíferas divulgaram lucros de mais de US$ 167 bilhões só em 2006 — quase US$ 50 bilhões a mais que as dez principais empresas no segundo setor mais lucrativo, o bancário. Mesmo com a queda dos preços do petróleo elas continuam ganhando muito no refino e na venda.

Os grandes conflitos, como a guerra do Iraque, são provocados pelo petróleo?
Juhasz -
Não. Nas duas guerras dos EUA contra o Iraque o petróleo é essencial, apesar de não ser o único motivo.

Como as Big Oil enfrentarão a queda mundial do consumo?
Juhasz -
A cotação do petróleo vai mais que se recuperar. E o mundo continuará dependente do petróleo, cujo pico de consumo será em 2020.

(Por Ramona Ordoñez, O Globo, 24/05/2009)


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