O presidente da Funasa reconheceu que faltam recursos administrativos para melhorar o atendimento às aldeias de São Paulo. Em reunião com líderes indígenas paulistas, dia 20, em Brasília, ele prometeu dar sequência à reestruturação da coordenação no Estado, mas negou-se a atender ao pedidos dos caciques, que exigiam a cabeça do coordenador Raze Rezek.
Ele alegou que o coordenador precisava de mais recursos para exercer com eficácia suas atribuições. Em documento, o presidente da Funasa se comprometeu a realizar, de forma emergencial, a reforma da caixa d'água da aldeia Renascer e construir sistemas de abastecimento de água nas aldeias Ekeruá e Tereguá. Também prometeu reformas em sistemas sanitários das aldeias Krukutu e Jaraguá, em São Paulo. Todas as aldeias recebem, a partir desta semana, materiais e equipamentos. A Funasa se comprometeu a acompanhar as reivindicações e apresentar uma avaliação em 90 dias. Haverá novo encontro no dia 2 de setembro.
Dirigentes da Funasa contestaram as denúncias dos índios sobre a falta de medicamentos, cestas básicas e atendimento médico. De acordo com o diretor de Saúde Indígena do Estado, Paulo Sellera, cada aldeia tem um agente de saúde contratado, com condução própria, para encaminhar às unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) os índios que precisam de atendimento. O agente ganha ainda um celular com recarga mensal. Ele disse que o responsável pela Piaçaguera justificou a ausência da aldeia quando o indiozinho passava mal. Sellera informou que a aldeia recebeu 24 cestas no dia 6 de abril para crianças abaixo do peso - as remessas são trimestrais. A quantidade não é maior para não criar dependência. "O objetivo é que não usem a cesta básica como única fonte de alimento." Na casa do indiozinho, naquele dia, o almoço fora arroz com farinha.
De acordo com o técnico, a Funasa atende até mesmo as comunidades indígenas não reconhecidas, mas não pode fazer obras de saneamento enquanto a situação fundiária não estiver definida. A mobilidade dos índios também prejudica a programação dos recursos. Sobre a falta de remédios, disse que não é recomendável formar estoques porque podem ter uso inadequado.
(Por José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo, 25/05/2009)