O Ibama publica nesta segunda (25/05) o edital com o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da usina de hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Este é o primeiro passo para a concessão da licença prévia da usina e a partir da publicação é aberto um prazo de 45 dias para contribuições e questionamentos do projeto, segundo informou o órgão ambiental. A expectativa do governo é que a usina seja leiloada ainda neste ano. Belo Monte será um dos maiores empreendimentos hidrelétricos do país, só perdendo para Itaipu, e junto com as linhas de transmissão estima-se que vai requerer investimentos da ordem de R$ 30 bilhões. Mas os riscos associados ao projeto são considerados muito maiores do que os desafios enfrentados nas usinas do Rio Madeira.
Belo Monte terá que ser construída no coração da selva amazônica, no Estado do Pará, e o projeto vai afetar a vida de índios que vivem na região. Esta é uma forte preocupação e vai requerer habilidade do governo em negociar o projeto com os povos indígenas na região. No ano passado, algumas pequenas centrais hidrelétricas que estão sendo construídas no Mato Grosso tiveram que paralisar suas obras em função de ataques indígenas.
Além disso, apesar de o projeto apresentar uma capacidade instalada superior a 11 mil megawatts (MW), quase o dobro das usinas do Madeira, a energia assegurada não chegará a metade dessa potência. Isso significa que o preço tende a ser muito superior àquele auferido nos leilões de Santo Antônio e Jirau. As duas usinas juntas terão uma capacidade instalada de cerca de 6.500 MW e a energia assegurada será de cerca de 4.100 MW.
Outro ponto que é discutido entre os interessados no projeto é como o governo vai tratar a possibilidade de se fazer alterações no estudo original feito pela Eletrobrás em parceria com as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, a exemplo do que aconteceu com Jirau. Os consumidores livres de energia também tentam participar do leilão, para tentar comprar energia mais barata. No leilão do Madeira, os preços do mercado cativo ficaram mais competitivos em função da possibilidade de venda livre de 30% da energia assegurada.
(Por Josette Goulart, Valor Econômico, 25/05/2009)