O tesoureiro da Associação dos Homens do Mar (Ahomar), Paulo César Santos, que representa os pescadores de Magé, na Baixada Fluminense, foi assassinado na sexta (22/05). Segundo a polícia, três homens invadiram a casa de Paulo César, o tiraram de lá e depois o executaram com cinco tiros na cabeça.
Os três fugiram em um carro que estava com a placa coberta por um plástico preto. O corpo de Paulo Cesar foi sepultado na manhã deste domingo (24) no Cemitério Nossa Senhora das Graças, em Magé. No dia 1º de maio, o presidente da Ahomar, Alexandre Anderson, havia sido vítima de um atentado a tiros. O crime está sendo investigado pela Delegacia de Piabetá.
O assassinato é um fato anunciado. Veículos da mídia alternativa informaram ainda na primeira quizena de abril as ameaças de morte e represálias sofridas pelos pescadores, que reivindicavam apenas o cumprimento da lei. A grande imprensa, mais uma vez, dormiu no ponto, apesar da sua condição privilegiada em termos de estrutura para apurar um contexto intrincado como o que ocorre na construção do terminal de gás liquefeito de petróleo (GLP) da Petrobras na Baía de Guanabara.
O projeto do gasoduto, administrado por um consórcio entre a GDK e a Oceânica, faz parte das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A obra é mais um dos passivos da Petrobras na Guanabara, denunciados pelos pescadores em processos judiciais desde o início da década.
Ainda por conta do anúncio da construção do Comperj em março de 2006, os pescadores da região já deixavam claro suas preocupações. Entre elas, os manguezais da Area de Proteção Ambiental de Guapimirim. Vale lembrar que a prefeitura de Itaboraí alterou os padrões de uso do solo na região, transformando a área prevista para o complexo em "parque industrial", visando permitir o empreendimento.
Para o ministro Minc, secretário de Meio Ambiente do Rio na época do licenciamento do Comperj, a liberação da obra teve um processo "exemplar" . A tirar pelo desempenho dele no MMA entende-se melhor o que quer dizer "exemplar". O licenciamento do Comperj foi realizado em seis meses.
(Ambiente JÁ, com informações da Agência Brasil, 24/05/2009)