A chuva que ainda castiga o Nordeste do país já deixa uma em cada seis cidades da região em emergência. São 298 nesta situação. Nos nove Estados, ao menos 33 pessoas já morreram em razão de enxurradas ou inundações desde o início de abril. Quase 320 mil estão improvisadas em abrigos ou na casa de amigos e parentes. O Estado mais prejudicado pelo mau tempo é o Maranhão, onde a chuva não diminui. A Defesa Civil ainda se preocupa em atender as necessidades básicas dos atingidos, como segurança e alimentação. Nos demais Estados, as inundações diminuíram e a destruição começa a ser contabilizada. Já há planos de reconstrução em curso.
Na divisa entre o Ceará e o Piauí, onde o vilarejo de Retiro, na zona rural de Chaval, teve 50 casas de pau-a-pique "dissolvidas" pelas enchentes há cerca de um mês, as pessoas ainda aguardam uma nova moradia. "Só ficou o esqueleto de madeira. O rio levou tudo, dissolveu o barro das casas. As pessoas agora estão em abrigos. A escola onde trabalho ficou duas semanas parada para hospedar 18 famílias", afirma a auxiliar administrativa Tânia Passos de Melo, 33. Segundo ela, havia mais de 30 crianças entre os desabrigados. "As pessoas chegaram na escola só com a roupa do corpo e estão se virando até hoje com doações", diz.
De acordo com os gestores das campanhas de arrecadação do Maranhão, Piauí e Ceará -os mais atingidos-, ainda não há doações significativas. Na conta aberta pela Defesa Civil do Maranhão no início do mês, haviam sido depositados até sexta-feira apenas R$ 60 mil. No Ceará, às três contas da campanha Força Solidária só tinham chegado R$ 34,5 mil em doações.
Já foram destinados pelo governo federal, por meio de medida provisória, R$ 880 milhões para socorrer a região. Do valor, R$ 670 milhões serão destinados à recuperação de moradias e infraestrutura e outros R$ 60 milhões pagarão material para atendimento imediato das vítimas, como cestas básicas e kits com colchões e roupa de cama. Os outros R$ 150 milhões só poderão ser aplicados mais tarde, em obras preventivas que deverão ser projetadas pelos governos estaduais, de acordo com o Ministério da Integração Nacional.
Parte da região Norte também enfrenta problemas com o excesso de chuvas. São quase 70 mil pessoas fora de casa nos Estados do Pará e do Amazonas. Nos dois Estados, há mais de 475 mil pessoas atingidas direta ou indiretamente pelas cheias dos rios na Amazônia. Alguns deles, como o rio Tapajós, no Pará, registraram um nível recorde, de mais de nove metros.
(Por Gustavo Hennemann, Folha Online, 24/05/2009)