Os índios do Vale do Juruá, localizado a oeste do estado do Acre, estão preocupados com o impacto de obras de infraestrutura na região. Os índios temem as consequências ambientais e sociais de obras, como a pavimentação da BR 364 e da exploração no estado e no Peru. Além dos grandes projetos, há preocupação com a produção de etanol e com o cultivo da monocultura da cana de açúcar.
De acordo com líder indígena Haru Kontanawa, em entrevista ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia, não há oposição sistemática às iniciativas, apenas as comunidades afetadas querem ser consultadas. “Nós não somos contra o desenvolvimento do estado. Nós queremos que o estado cresça, mas de maneira respeitosa. Dentro da floresta têm povos e esses povos têm direitos também”, assinalou.
Na avaliação de Haru, as obras como da BR 364 já trouxeram impactos, pois atravessam terras indígenas ocupadas pelas etnias Katukina, Kaxinawá e Shanenawa. Ele teme que as estradas funcionem como vetor de desmatamento e urbanização. “Não tem plano de sustentabilidade para as comunidades”, enfatizou Haru, ao dizer que faltam medidas para evitar o aumento da violência e a transmissão de doenças no contato com não índios.
Segundo o líder, os índios não querem morar em cidades. “Uma coisa que buscamos é a garantia de que vamos viver sempre dentro da floresta, com nossos costumes, nossas tradições e com condições de viver. Nós não queremos que os nossos povos venham se urbanizar da maneira como está acontecendo, de forma que não há escolha”, lamentou.
Haru Kontanawa também teme que a exploração de petróleo no Acre venha causar danos ambientais e a produção de óleo no Peru possa afetar a qualidade de vida dos índios brasileiros, que bebem água, se banham e se alimentam com as águas do Rio Juruá, que nasce no país vizinho. “Esse petróleo, que vai fazer funcionar os carros, vai também fazer parar o coração de muitas pessoas aqui”, concluiu.
(Por Gilberto Costa, Agência Brasil, 22/05/2009)