Executivos da Sadia e da Perdigão afirmam que vão manter operações divididas até julgamento do órgão
Os executivos da Sadia/Perdigão afirmaram nesta sexta (22/05) ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que manterão as duas empresas separadas até o julgamento da fusão pelo órgão -o que deve ocorrer até o final do ano. A garantia não elimina a hipótese de o Cade negociar o "congelamento" da operação. Ontem, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, da Sadia, e Nildemar Secches, da Perdigão, e seus advogados estiveram reunidos com o Cade para apresentar informalmente a fusão. A notificação oficial deverá ocorrer nos próximos dias.
"O que foi reiteradamente dito nessa reunião, o que os dois empresários asseguraram foi que os negócios vão ser mantidos separadamente", relatou o presidente do Cade, Arthur Badin. "Eu não tenho o desenho da operação, então é difícil dizer se as medidas que as empresas estão adotando são suficientes ou não, ou se o Cade eventualmente determinará novas providências."
O conselho adotou como praxe nos últimos anos negociar acordos com as empresas para "congelar" a operação -os chamados Apros (Acordos de Preservação da Reversibilidade da Operação). O mecanismo tem por objetivo manter os negócios separados, evitando problemas caso o Cade julgue pelo veto ou por restrições à fusão. Ontem, o conselheiro Fernando Furlan, primo do ex-ministro, declarou-se impedido de participar do julgamento da operação Perdigão/Sadia por ser parente em terceiro grau do pai de Luiz Fernando Furlan, que é acionista da Sadia.
Fundos
Os fundos de pensão Previ e Petros pretendem comprar volume suficiente de ações na oferta de R$ 4 bilhões a ser promovida pela Brasil Foods (BRF), que nasce da fusão de Sadia e Perdigão, para manter suas participações na empresa. O Previ quer preservar uma fatia de 12% na BRF, com base em suas participações na Perdigão e na Sadia, disse seu presidente, Sérgio Rosa. O Petros, que detém 12% do capital da Perdigão, também vai manter sua participação, disse um porta-voz do fundo. A oferta da BRF deve se dar até julho.
(Por Julianna Sofia, Folha de S. Paulo, 23/05/2009)