O projeto de construção de um estaleiro, pela Jurong, próximo à área do Portocel, em Barra do Riacho, está mais que engatilhado. Todo o desenvolvimento do projeto foi apresentado ao governo, que confirmou o início das obras para 2010. Com mais este empreendimento, a região, afirmam os pescadores, está esgotada. O estaleiro da Jurong será construído na mesma região onde já existe o Portocel e onde a Petrobras está construindo um porto. A esperança dos pescadores é de serem aproveitados nas obras. Com tristeza, eles afirmam que o número de pescadores que conseguem sobreviver da atividade diminui a cada empreendimento construído na região.
Durante a audiência pública, eles chegaram a ressaltar que a comunidade tradicional está oprimida pelos empreendimentos, perdendo seus valores e sua cultura sem que nada seja feito. Ao todo, a informação da Associação de Pescadores da Barra do Riacho é de que os pescadores lutam há 10 anos para tentar minimizar os impactos do Portocel, que assoreou o rio Riacho e anualmente gera problemas aos pescadores quando fecha suas comportas e deixa o rio sem condições de navegação, prejudicando os pescadores que ficam impedidos de sair para o mar.
Além disso, os pescadores já perderam a praia da Conchinha para os empreendimentos. A praia era freqüentada por crianças por ser plana e com águas calmas, mas agora está ocupada pelo Portocel. Diante disso, temem os pescadores, que, com o novo empreendimento da Jurong, a situação se agrave, já que o empreendimento foi concebido por meio de uma parceria entre a prefeitura de Aracruz e a Aracruz Celulose, que é a mesma responsável pelo Portocel. Juntas, elas viabilizaram uma área de 1 milhão de metros quadrados para a construção do estaleiro.
Os pescadores lembram que nem sobre o estudo que avaliaria a viabilidade da construção do estaleiro na região eles foram consultados. O projeto para construir um estaleiro na região foi iniciado em 2008 e tem previsão para o início das obras em 2010, com a geração de 2,5 mil empregos nas áreas de soldadores, ajustadores de tubulação, mecânicos, eletricistas, pintores, iatistas, instrumentistas, técnicos, engenheiros e pessoal administrativo. Com investimentos previstos da ordem de R$ 800 milhões, o estaleiro será destinado à construção de sondas de perfuração, reparo naval e de plataformas de exploração e produção.
O empreendimento foi divulgado em dezembro do ano passado pelo presidente da Jurong do Brasil, Martin Cheah, o secretário de Desenvolvimento, Guilherme Dias, e o prefeito de Aracruz, Ademar Devens. A empresa Jurong é uma gigante do setor naval de Cingapura, com receita anual de US$ 2 bilhões. tua no Brasil há 14 anos e a operação no Estado é a quarta da empresa no exterior, depois de Estados Unidos, China e Oriente Médio.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 22/05/2009)