Produzir peixe na Amazônia tem mais rentabilidade que investir em pecuária, além de não poluir o meio ambiente e nem provocar devastação na floresta. Uma cabeça e meia de boi por hectare/ano tem um lucro estimado em R$ 400, enquanto quatro mil quilos de tambaqui, produzidos em tanque escavado, geram uma renda de R$ 8 mil, 13 vezes a produção e 20 vezes mais rentável que o gado. A conta aumenta quando se produz esse mesmo tipo de pescado em tanque de rede: 120 mil kg/ha/ano gera nada menos que R$ 120 mil ou 400 vezes a produção e 300 vezes o rendimento com o setor da pecuária.
Os dados foram apresentados nesta quinta (21/05), na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (Caindr), da Câmara dos Deputados, pelo ministro da Secretaria Especial da Pesca (Seap), Altemir Gregolin. A audiência pública foi para discutir o Plano Amazônia Sustentável de Aquicultura e Pesca que será lançado no próximo mês de julho. O plano de aquicultura e pesca na Amazônia vai custar ao futuro Ministério investimentos na ordem de R$ 1,75 bilhão.
De acordo com o ministro, hoje, a produção da pesca comercial na Amazônia é de 325,5 mil toneladas por ano, movimentando mais de R$ US$ de 200 milhões e cerca de 400 mil empregos. Já a aquicultura (cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e plantas aquáticas) tem uma produção anual de 45 mil toneladas/ano, o que rende R$ 180 milhões e 300 mil empregos na região.
Os números da Seap, revelam ainda que o Estado do Amazonas é de longe o maior consumidor de peixes do mundo. A maior taxa de consumo ocorre na região do Alto Solimões, com 500 gramas por pessoa, o que representa 182,5 quilos de peixe anualmente. Os japoneses, considerados os maiores comedores de pescado, consomem 90 kg/ano. O consumo mundial é de 16 kg/ano/pessoa e a média brasileira fica em 68 quilogramas por consumidor. "Temos que mudar o paradigma da região amazônica que gere renda, riqueza, trabalho, emprego e sustentabilidade. E, na nossa concepção, a melhor alternativa para a produção de proteína animal é o pescado devido às condições existentes necessárias como a maior reserva de água doce do mundo, espécies nobres com crescimento rápido e apelo de mercado em nível nacional e internacional", declarou Gregolin aos parlamentares da Comissão da Amazônia.
(Antônio Paulo, A Crítica / Amazonia.org.br, 21/05/2009)