O Brasil e a China estudam lançar os satélites 5 e 6 do Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), que reforçarão o monitoramento contra a devastação da Amazônia e do cerrado. Na terça-feira (19/05), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao assinaram um acordo marcando a continuidade e expansão do programa, que já tem previsto o lançamento dos satélites 3 e 4 de sensoriamento remoto, em 2010 e 2013, com as imagens sendo colocadas gratuitamente à disposição de países em desenvolvimento.
Ontem (20), após visita de Lula à Agência Chinesa de Tecnologia Espacial, o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, revelou os planos em exame para mais lançamentos de satélites óticos nos próximos oito anos. Hoje, os satélites concebidos pelo Brasil e China monitoram a Amazônia durante o período sem chuvas, de julho até parte de setembro. "Tem contrabando de gemas, de ouro, de madeira, biopirataria", disse Ganem. "Eu tenho imagens de carros levando florestas inteiras do bioma amazônico e do cerrado."
O Ministério do Meio Ambiente, "atônito com tudo isso", tem solicitado o material, mas há limites na observação da terra, porque as árvores disfarçam o tamanho da destruição da floresta, por exemplo. Por isso, outra ideia em exploração é de criação de um satélite-radar, que poderia ser utilizado em regiões de nuvens intensas, como a Amazônia, que vaza a copa das árvores da floresta amazônica e mostra um estado mais real no solo.
Cada satélite tem custo total de US$ 300 milhões, incluindo lançamento, solo e o próprio aparelho. Para Ganem, com o programa com os chineses os dois países rateiam não apenas os custos, como apropriam conhecimento de lado a lado e, ao mesmo tempo, empresas de São José dos Campos, no interior de São Paulo, se tornam aptas a participar da produção de satélites de diferentes tamanhos e aplicações.
(Valor Econômico, 21/05/2009)