Projeto prevê a ampliação da capacidade de tratamento de esgoto
No lugar da formalidade, o tom de esperança marcou a cerimônia envolvendo a prefeitura da Capital e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para celebrar o empréstimo para a execução do Projeto Integrado Socioambiental (Pisa) – que ampliará a capacidade de tratamento de esgotos.
Sob os olhares de cerca de cem moradores das sete vilas que margeiam o Arroio Cavalhada, na Zona Sul, o prefeito José Fogaça e o representante do BID no Brasil, José Luis Lupo, assinaram ontem o contrato que deve acelerar as obras na rede de esgoto e a remoção das famílias do local.
A partir de agora, também cresce a expectativa para a despoluição das águas do Guaíba. Com o financiamento de R$ 203,4 milhões acertado com o BID – valor que se soma a R$ 316,2 milhões, da Caixa Econômica Federal, e a R$ 67,1 milhões, do município –, a prefeitura deverá ampliar os níveis de saneamento básico na cidade dos atuais 27% para 77% , até 2012. Hoje, o esgoto cloacal da maior parte das casas se mistura à rede pluvial e segue in natura para o Guaíba, sendo 40% lançado perto do Cais do Porto.
Para realizar essa ampliação, um conjunto de obras já está em andamento. Mas é a remoção das 1.680 famílias das margens do Arroio Cavalhada, que será canalizado, que tem maior expectativa de ser realizada a curto prazo.
Moradora da Vila Foz desde 1990, Jurema Barbosa Siveira, 44 anos é uma das líderes da comunidade. Ao lado dos seis filhos, ela faz parte das 20 famílias ainda remanescentes no local – cerca de 300 famílias já deixaram a região. Sem conter as lágrimas, ela ressaltou que a chegada do dinheiro do BID deve acelerar a realocação de todos os moradores.
– As pessoas deixarão de ser vileiras para se tornarem proprietárias – disse.
A esperança de Fogaça é de que porto-alegrenses possam usufruir do Guaíba, assim como ele costumava fazer, há 57 anos, quando deixava o bairro Petrópolis e passava as tardes de verão em Ipanema, ao lado de seu pai.
– Nos últimos 40 anos vimos a cidade virar as costas para o Guaíba para não enxergá-lo, por isso recuperá-lo era uma dívida que tínhamos com ele.
(Zero Hora, 21/05/2009)