A preocupação cada vez maior com o meio ambiente e com o enquadramento nas novas legislações está fazendo com que as empresas aprimorem a logística reversa. A ação tem como objetivo realizar o retorno ou a destinação adequada de embalagens ou produtos que precisam de cuidados especiais como pilhas, óleo de cozinha, lubrificantes automotivos, materiais de laboratórios e hospitais, entre outros.
A professora titular da disciplina de Logística Reversa do curso Tecnólogo de Logística da Ulbra Canoas, Dalva Santana, ensina que uma companhia que queira implantar a logística reversa deverá ter uma distribuição física e políticas ambientais. A partir disso, ela poderá mapear seus canais reversos logísticos de reciclagem, redução, reutilização (pós-consumo) e solucionar questões como os erros de expedição, devoluções de mercadorias etc.
Estes canais de pós-consumo e pós-vendas devem interagir com a logística de distribuição já instalada na empresa, o que facilita a implantação da logística reversa. Ela acrescenta que é necessário observar a cadeia, saber onde estão os resíduos, os fornecedores e os clientes. Além disso, é preciso verificar os itens movimentados e seu valor agregado, transportabilidade destes itens e legislação específica. "Estes são os cuidados básicos para pensar em ter esta ferramenta", aponta Dalva.
Ela destaca que no Rio Grande do Sul existem vários exemplos bem-sucedidos da prática, como é o caso do recolhimento de óleo de fritura em Porto Alegre, a coleta de embalagens de óleo lubrificante e a logística reversa dos Correios. Conforme a professora da Ulbra, os materiais mais movimentados são aqueles de maior valor agregado e de melhor transportabilidade. Um segmento que tem essas características é o da cadeia do alumínio (latas de refrigerantes). "Se olharmos a garrafa PET, não vemos as mesmas condições, ela é de baixo valor agregado e considerada de difícil transportabilidade pelos catadores", argumenta Dalva.
A professora acrescenta que a população, quando reduz o consumo de sacolas, de copos plásticos, reutiliza ou faz doações de materiais, também está exercendo atividades da logística reversa. Ela prevê que ainda chegará o dia em que qualquer item que for distribuído através da logística também será recolhido.
Entretanto, para isso se concretizar a presidente do Instituto GEA ética e meio ambiente, Ana Maria Domingues Luz, acredita que terá que existir condições tecnológicas e logísticas para realizar a reciclagem. Outro ponto salientado por ela é que as pessoas e empresas precisam ter a disposição de encaminhar corretamente os resíduos descartados. "Seria fundamental as prefeituras municipais facilitarem essa tarefa", defende a dirigente. Ana Maria destaca que grandes metrópoles, como São Paulo, possuem capacidade para aproveitar inúmeros materiais como plásticos, isopor, papel, metais, vidro etc.
A presidente do Instituto GEA ética e meio ambiente comenta que as companhias que não praticam a coleta seletiva estão atrasadas. "Aumenta a cada dia o uso das palavras redução, reutilização e reciclagem", afirma Ana Maria. O maior problema enfrentado hoje, segundo ela, é quanto ao descarte das pilhas e baterias. "Esses produtos apresentam-se em grandes quantidades e têm um alto potencial de contaminação", enfatiza a presidente do Instituto GEA ética e meio ambiente.
(Jornal do Comércio, 21/05/2009)