A intenção de investimentos em energia eólica e solar no mundo está toda voltada para os Estados Unidos, segundo pesquisa anual de fusões e aquisições no setor de energia renovável divulgada nesta terça (19/05) pela KPMG International. Apesar de o Brasil estar neste ano promovendo um leilão específico de energia eólica, o país não entrou na rota dos investimentos renováveis, segundo os 200 executivos ouvidos pela consultoria. Os investimentos devem se concentrar, além dos Estados Unidos, na Índia, China e Canadá.
De acordo com sócio de Corporate Finance da KPMG no Brasil, André Castello Branco, a pesquisa mostra que 63% dos executivos acreditam que os subsídios do governo irão aumentar. Esse número vem na esteira das declarações do presidente Barack Obama que tem o discurso de incentivar os negócios em energia renovável. Enquanto em 2008, 37% acreditavam em um incremento dos subsídios governamentais, esse número saltou para 63% neste ano.
Mas apesar de acreditar no aumento dos subsídios governamentais, a pesquisa mostrou também que a crise mundial já afeta as intenções de investimentos. Ao todo, 58% dos entrevistados disseram que vão fazer reduções significativas em projetos que estejam em andamento ou ainda em planejamento, em função da situação econômica. Por outro lado, a pesquisa apontou uma tendência de consolidação no setor, sendo que as empresas menores tendem a ser absorvidas pelas grandes. E os negócios tendem a ser menores, em valores, do que os registrados no ano passado.
Logo no início de 2008, por exemplo, a Scottish and Southern Energy adquiriu a Airtricity por cerca de US$ 2,2 bilhões. No final do ano, a GDF Suez comprou a FirstLight Power Resources por US$ 1,9 bilhão. Neste ano, por enquanto, a maior aquisição foi feita pela Valero no valor que não chega a US$ 500 milhões.
Um dos motivos para que o Brasil não apareça nas intenções de investimento pode estar relacionado com a pouca tradição em energia eólica e solar. O país tem hoje sua matriz energética voltada para a geração hidráulica. De qualquer forma, o primeiro leilão de energia exclusivo para este tipo de energia será feito neste ano e tem atraído uma série de investidores.
(Por Josette Goulart, Valor Econômico, 20/05/2009)