Uma das ideias mais objetivas, já testada em pequena escala, é estimular o crescimento do plâncton - plantas e algas microscópicas - nos oceanos por meio do aumento no fornecimento de nutrientes. Mais de dez testes realizados até agora no mundo examinaram os efeitos da fertilização do oceano com ferro. O mais recente está sendo realizado neste segundo trimestre: o experimento indo-germânico LohaFex. O navio de pesquisas Polarstern, com 48 cientistas a bordo, espalhou seis toneladas de ferro dissolvido em uma área de 300 quilômetros quadrados no Oceano Antártico.
Os resultados obtidos até o momento mostram que a fertilização de ferro de fato estimula um crescimento espetacular das algas na água mais próxima à superfície. O que ainda não está claro para a comunidade científica é se resulta realmente no sequestro de carbono no longo prazo - para que fosse duradouro, uma parte significativa das algas, depois da morte, teria de afundar nas profundezas do oceano.
Muitas empresas, como a Climos, dos EUA, esperam comercializar a fertilização do oceano com ferro, financiando a atividade com a obtenção de créditos de carbono por meio do esquema de comércio de emissões. Atualmente, há uma moratória internacional para a fertilização de oceanos em escala comercial, por preocupações sobre seu impacto nos ecossistemas locais, mas testes científicos como o de LohaFex são permitidos. Embora o foco até agora tenha sido na fertilização com ferro, por saber-se que a falta de nutrientes de ferro é um fator limitante no crescimento das algas em mar aberto, também seria possível usar fertilizantes com fósforo e nitrogênio.
Um estudo da University of East Anglia, divulgado em janeiro, chegou à surpreendente conclusão de que adicionar compostos de fósforo (fosfatos) poderia ter mais potencial de longo prazo para o sequestro de carbono em comparação ao ferro ou nitrogênio. Mesmo sem fertilizar deliberadamente o oceano com fósforo, as atividades humanas- principalmente atividades agrícolas - já elevam a quantidade de carbono "preso" nos oceanos.
Outra possibilidade seria agregar pedras calcárias trituradas aos oceanos. O benefício seria duplo, pois intensificaria o crescimento das algas e contrabalançaria a acidez cada vez maior dos oceanos, que muitos analistas consideram como um dos efeitos de longo prazo mais nocivos do aumento do CO2 na atmosfera. O desafio seria encontrar uma forma de valer-se das pedras sem gastar volumes exorbitantes de energia para minerá-la, triturá-la e transportá-la.
(Por Clive Cookson, Financial Times / Valor Econômico, 19/05/2009)