Se pudessem adquirir um produto florestal, 81% da população daria preferência a produtos certificados, mesmo se o preço for um pouco superior ao produto sem certificação. A informação é da pesquisa "A Visão da População Brasileira sobre Certificação Florestal e Agropecuária", produzida pelo Instituto Datafolha a pedido da organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e publicada segunda-feira (18/05). O estudo revela ainda que 85% dos entrevistados pagariam mais caro por produtos agrícolas ou carne certificada. "A pesquisa mostra uma familiarização progressiva do brasileiro com o tema e a disponibilidade de pagar por isso", diz Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A pesquisa, que buscou avaliar o conhecimento da população a respeito de temas ambientais, trouxe dados positivos sobre a percepção das pessoas quanto a produtos florestais certificados. Em 2006, quando publicada uma pesquisa semelhante, apenas 1% da população conhecia o Forest Stewardship Council (FSC), principal selo de certificação para produtos florestais. Hoje, 22% dos entrevistados disseram que conhecem a organização FSC e 20% tem conhecimento do selo de certificação. Também foram lembradas, na pesquisa - que entrevistou 2.055 brasileiros entre 2 e 14 de abril com 18 anos ou mais - empresas que trabalham com produtos florestais certificados. As principais empresas citadas foram a Natura e a Faber Castell.
Para a coordenadora o Grupo Compradores de Produtos Florestais Certificados Karina Aharonian, a pesquisa mostra que o reconhecimento da certificação como instrumento eficaz para a proteção das florestas e desenvolvimento sustentável vem crescendo. "Temos trabalhado em campanhas em revistas, na TV e no Metrô nos últimos anos, para mostrar às pessoas e empresas que utilizam produtos florestais para a necessidade de se optar pelo consumo de produtos florestais sustentáveis. O que a pesquisa indica é um cenário muito promissor para a certificação no Brasil".
Desmatamento e bancos
O Datafolha, também a pedido da organização, publicou recentemente outras duas pesquisas relacionadas à opinião dos brasileiros em relação ao desmatamento e às políticas socioambientais de instituições financeiras. Para 94% dos entrevistados, o Brasil deveria parar o desmatamento para evitar os custos de desastres ambientais como mudanças climáticas, desmoronamentos, alagamentos. A população também se mostrou favorável à implementação de leis mais rigorosas para proteger as florestas: 91% disseram que é preciso dificultar o desmatamento. Na questão referente ao comportamento dos bancos frente à destruição ambiental, 81% opinaram que eles não fazem o suficiente e, destes, 27% disseram que as instituições financeiras poderiam pelo menos exigir o respeito das leis.
(Amazonia.org.br, 19/05/2009)