O exército do Peru está se preparando para se instalar na Amazônia peruana e retirar os bloqueios existentes nos rios e estradas, feitos por povos indígenas que se opõem à exploração de petróleo, gás, madeira e mineração feitas na região.
O governo peruano autorizou os militares a moverem-se às áreas onde foi declarado um estado de emergência por conta dos conflitos entre os índios e a polícia. Segundo o presidente do Peru, Alan Garcia, o Estado tem o direito e a responsabilidade de desenvolver atividades de exploração mineral e de hidrocarbonetos para beneficiar todos os peruanos. "Temos de compreender que, quando existem recursos como o petróleo, gás e madeira, eles não pertencem apenas às pessoas que tiveram a sorte de ter nascido lá, porque isso significaria que mais da metade do território do Peru pertence a alguns milhares de pessoas", disse o presidente.
Histórico
Nos últimos dois anos, o governo centro-direita peruano assinou acordos com multinacionais para abrir e explorar a floresta tropical. No mês passado, um acordo de 4,1 bilhões de reais foi assinado entre o governo do Peru e a companhia petrolífera anglo-francesa Perenco. Grupos indígenas, apoiados por ambientalistas e bispos católicos, protestam dizendo que o aumento da exploração irá devastar o meio ambiente e a cultura existente na região.
Cerca de 65 tribos têm se mobilizado. Mais de 30 mil pessoas bloquearam estradas, hidrovias e gasodutos. O protesto gerou conflitos com a polícia. Segundo a agência de notícias Reuters, cerca de 40 navios de empresas energéticas estão presos nos rios. Uma das áreas mais tensas, segundo a organização Survival International, é a próxima ao Rio Napo, afluente do Rio Amazonas, a noroeste do Peru. "Depois que povos indígenas locais bloquearam o rio com um cabo, um navio com canhões e três barcos da Perenco furaram o bloqueio afundando canoas e manifestantes", contou um dos integrantes da Survival.
A Organização Nacional dos Povos da Amazônia Peruana disse em declaração que um estado de emergência, que suspende alguns direitos constitucionais em quatro províncias da região amazônica peruana, elevaram a situação a um contexto de guerra pelo governo. O Peru é o pais que tem a segunda maior cobertura vegetal do bioma Amazônico, ficando atrás somente do Brasil. De acordo com um estudo, petróleo, gás e madeira são responsáveis por mais de 70% da devastação da floresta.
O governo diz que tais atividades são necessárias para impulsionar o crescimento econômico do país. Os projetos relacionados à exploração da região, que podem transformar o Peru em um exportador de petróleo, vão ao encontro do que está no acordo de livre comércio entre Peru e Estados Unidos. Alberto Pizango, líder indígena da região diz que os povos - que reivindicam a terra - não estão procurando uma proibição geral de projetos. "O que nós queremos é o desenvolvimento dentro de nossa perspectiva."
(Amazonia.org.br, 19/05/2009)