Morador de um dos Estados mais atingidos pela chuva em 2008, o presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Diomário Queiroz, defende a criação de uma rede nacional de prevenção de catástrofes naturais e o desenvolvimento de processos de modelagem do clima. Diomário afirma que o sistema já foi proposto pelo Estado ao Congresso e ao Ministério de Ciência e Tecnologia, mas ainda não foi implementado. Segundo ele, Santa Catarina pleiteia R$ 10 milhões para o Grupo Técnico Científico de prevenção às catástrofes naturais em Santa Catarina comprar um radar meteorológico, entre outras medidas. Esse valor deverá sair de uma emenda à Medida Provisória que vai destinar R$ 300 milhões para as obras de recuperação das enchentes em Santa Catarina.
O grupo foi instituído pelo governo do Estado em dezembro de 2008, após as enchentes e enxurradas de novembro. O saldo da tragédia foi de pelo menos 135 mortos, 27.236 desalojados (pessoas que deixaram suas casas por algum motivo como risco de desabamento, mas não estão em abrigos públicos) e 5.617 desabrigados (pessoas que perderam suas habitações e estão em abrigos públicos). Na comparação com 2008, o impacto deste ano foi bem menor: até agora, os danos causados pela chuva desalojaram 3.333 pessoas e desabrigaram 217 em 10 municípios. Apenas uma morte foi registrada no Estado em decorrência das chuvas.
Atualmente, o mau tempo causa mais estragos nas regiões Norte e Nordeste do País. Na última sexta-feira, segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, a chuva deixou 226 mil desalojados e 116 mil desabrigados em 13 Estados. Quarenta e quatro pessoas morreram em oito Estados: além da única morte registrada em Santa Catarina, também houve vítimas no Ceará (15 mortes), Maranhão (9), Bahia (7), Alagoas (7), Paraíba (2), Sergipe (2) e Pernambuco (1).
Em parte do Sul, a situação é inversa; o Rio Grande do Sul, por exemplo, sofre com a estiagem. Mesmo após alguma chuva nos últimos dias, o abastecimento de água nas cidades atingidas pela seca ainda não foi normalizado e o prejuízo estimado é de R$ 1,9 bilhão, segundo a Defesa Civil estadual. Mais de 1 milhão de pessoas foram afetadas e 230 prefeituras decretaram situação de emergência (situação que permite à administração municipal pedir dinheiro ao governo federal para reparar os estragos).
Propostas
Como medida de médio e longo prazo para prevenir ou amenizar os danos de catástrofes naturais, Diomário propõe investir em infra-estrutura e qualificação de pessoas para melhorar a qualidade do sistema de monitoramento dos fenômenos meteorológicos e climáticos. Como solução imediata, Queiroz defende melhorias no sistema de sensoriamento remoto e de cartografia, a implantação física de radares, a definição clara de áreas de risco e deslizamento e a extensão do programa de armazenagem da água da chuva para mais municípios - esta, uma das idéias para o problema da estiagem.
"Melhorando o sistema de alerta, anteciparíamos a capacidade da Defesa Civil de adiantar medidas de proteção à população e ao patrimônio das pessoas e dos Estados", afirma. Na última sexta-feira (15/05), o grupo finalizou o relatório semestral das ações contra catástrofes. Diomário adiantou que está sendo redigido um decreto que vai tornar o Grupo Técnico Científico uma instituição permanente, vinculada à Fapesc, para dar suporte às ações da Defesa Civil.
(Por Fabiana Leal, Terra, 17/05/2009)