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mudança climática e guerra guerra e meio ambiente riscos climáticos
2009-05-18

Dirk Messner, professor de Ciências Políticas e diretor do Instituto Alemão de Política de Desenvolvimento, se considera um otimista. Mas ao conversar com a imprensa sobre mudança do clima como uma ameaça à segurança internacional, o cenário que ele pinta é apocalíptico. "Se não houver uma reversão decisiva, a mudança do clima vai sobrecarregar a capacidade de adaptação de muitas sociedades nas próximas décadas": essa é a tese que Messner formulou no Conselho Científico do Governo Federal para Mudanças Ambientais Globais (WBGU). "Disso poderão surgir violência e instabilidade, algo que ameaça a segurança nacional e internacional numa medida até então desconhecida."

Seus argumentos são simples e claros: "A mudança climática vai desencadear diversos conflitos de partilha dentro dos países e entre estes, disputas por água, por território, pelo gerenciamento dos movimentos migratórios". A mudança do clima está apenas começando, mas seus efeitos vão aumentar continuamente nas próximas décadas.

O WBGU mostra que a mudança climática agrava crises ambientais já existentes, como secas, escassez de água e desertificação, além de acirrar conflitos pelo aproveitamento da terra e causar novos fluxos migratórios motivados por fatores ambientais. A elevação da temperatura global vai ameaçar a base de subsistência de muita gente, sobretudo nas regiões em desenvolvimento. A susceptibilidade a pobreza e miséria social também aumentará, o que irá ameaçar a segurança humana.

Conflitos por água e superfícies agrárias
A água é um exemplo. Atualmente, 1,1 bilhão de pessoas não tem acesso assegurado à água potável. A situação poderá se agravar em todo o mundo, atingindo centenas de milhões de pessoas, pois a mudança do clima afeta a distribuição das chuvas e a quantidade de água disponível. Ao mesmo tempo, a demanda de água aumenta, à medida que a população mundial cresce e suas necessidades se ampliam. "Essa dinâmica cria conflitos de partilha e impõe grandes desafios ao gerenciamento de água dos países em questão", afirma Messner.

Outro exemplo é a agricultura. Mais de 850 milhões de pessoas sofrem hoje de subnutrição. Segundo um parecer do WBGU, a mudança climática vai agravar essa situação a curto prazo, "pois a dificuldade de nutrir os estratos sociais mais baixos e as populações de muitos países em desenvolvimento já vai aumentar com um aquecimento de 2ºC, calculado com base em valores de 1990". No caso de um aquecimento de 2ºC a 4ºC, a previsão é de um recuo na produtividade agrícola em todo o mundo. Essa tendência será acentuada pela desertificação, salificação dos solos ou escassez de água. Isso poderá favorecer ou agravar a desestabilização social, a desintegração e a violência.

Quando se rompe o equilíbrio ecológico
Segundo Messner, esses efeitos da mudança do clima poderão levar a drásticos movimentos migratórios, desencadeados por motivos ambientais. Só em Bangladesh, 120 milhões de pessoas que vivem no delta do Ganges estão ameaçadas pela elevação do nível do mar. "Toda vez que apresento esses números, até eu me assusto", diz Messner. Nos Andes e na região do Himalaia, as geleiras estão derretendo, o que representa uma ameaça ao abastecimento de água potável de regiões inteiras.

Em caso de uma mudança climática desenfreada, o WBGU também considera possível o colapso de ecossistemas inteiros, como o ressecamento do rio Amazonas e do desparecimento clima de monção. "O que acontecerá então não se sabe", previne Messner. Por outro lado, o cientista político alemão, também consultor de governos na Ásia e na América Latina, está contente com a mudança de mentalidade nos EUA quanto ao problema das emissões de CO2. "E os chineses também pararam de dizer que isso não é problema deles e sim dos outros."

Seja como for, o prazo para uma reversão é cada vez mais curto. Uma elevação de 2ºC da temperatura média já é inevitável. Para manter esse nível, seria necessário reduzir as emissões de CO2 para duas toneladas anuais per capita. Se iniciarmos isso em 2010, seria necessário economizar 2% a cada ano".

Se a produção de energia fóssil começar a ser reduzida só em 2020, seria preciso poupar 6% por ano. E se a humanidade só tomar essa decisão em 2030, essa porcentagem se elevaria para a marca utópica de 22,6% ao ano. "Política de clima também é política preventiva de segurança", ressalta Messner. "Temos dinheiro para reduzir, temos tecnologia para reduzir. Só precisamos começar de fato, com seriedade".

(Por Rolf Wenkel, Deutsche Welle, 17/05/2009)


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