O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em discurso nesta quinta-feira (14/05), lamentou a retirada de um monumento, erigido em São Gabriel (RS), em homenagem à Sepé Tiaraju, índio guarani que enfrentou portugueses e espanhóis, no sul do Brasil, em defesa da permanência dos indígenas na região dos Sete Povos das Missões. O parlamentar fez um apelo para que o monumento retorne ao seu local de origem, ponto exato onde teria se dado a batalha dos indígenas contra espanhóis e portugueses em que Sepé teria morrido.
Suplicy obteve resposta quase imediatamente, já que o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) entrou em contato com as autoridades locais por telefone e o prefeito do município, Rossano Gonçalves, garantiu que o monumento será reerguido não no local original, que é propriedade particular, mas em uma área vizinha, onde já existe outro monumento construído pela prefeitura, segundo explicou.
A Cruz Missioneira, criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi montada em terreno pertencente à família Assis Brasil. A prefeitura municipal o retirou a pedido da proprietária, Silvia de Assis Brasil, em decorrência da má conservação da cruz por "problemas climáticos", o que punha em risco a própria casa da proprietária, esclareceu Zambiasi.
A retirada da cruz havia causado revolta à população local, já que a homenagem seria "patrimônio histórico", como disse Suplicy. Em nota, o Conselho Indígena Missionário local repudia "a violência contra o povo guarani", acrescentando que "é doloroso e escandaloso que isso aconteça no início das comemorações dos 400 anos do início das Missões Jesuíticas Latino-Americanas", ocorrido em 1609. Suplicy comemorou a intervenção de Zambiasi e a agilidade na solução do problema.
Sepé Tiaraju
A história do índio guarani Sepé Tiaraju está sendo encenada pelo Teatro Popular União e Olho Vivo, em Porto Alegre, buscando "tornar mais conhecido esse episódio épico-poético, resgatando a figura mítica de Sepé Tiaraju, o primeiro herói gaúcho e brasileiro", conforme afirmou o senador.
Sepé Tiarajú morreu lutando pela permanência dos indígenas na região dos Sete Povos das Missões. Os indígenas que ali viviam recusaram-se a obedecer ao acordo luso-espanhol de 1750 (Tratado de Madri) determinando que os habitantes de todos os povos das missões jesuítico-guaranis que viviam na região dos Sete Povos abandonassem suas casas e terras, entregando-as aos portugueses. Em troca, os espanhóis receberam a região de Colônia de Sacramento.
(Agência Senado, 14/05/2009)