A Petrolífera Petroleum, empresa de origem canadense, assinou em abril um acordo com o governo do presidente Alan Garcia, do Peru, que permite a exploração de florestas da Amazônia peruana habitada pelas últimas tribos de índios isoladas do planeta. A empresa tem a intenção de explorar quase 40 mil km² de uma região remota onde os índios isolados cacataibo vivem. Duas organizações, a Federação Nativa de Comunidades Cacataibo (Fenacoca) e o Instituto do Bem Comum (IBC), exigiram previamente que o governo transformasse a área em reserva para os índios.
Ao todo, em abril, a Perupetro, assinou 13 novos contratos de licença para a exploração e exportação de petróleo, como resultado de uma licitação internacional de lotes realizada no ano passado, com o qual se elevará a 92 o número de contratos vigentes no país. São 18 empresas que assinaram contratos, que demanda investimento estimado de US$ 650 milhões a pretexto de se beneficiar e promover o desenvolvimento peruano.
Os isolados cacataibo foram forçados a se dividirem em dois grupos por uma rodovia que liga aquela remota área amazônica à Lima, capital do Peru. A rodovia foi construída nos anos 1940 e desde então se acredita que os dois grupos foram impossibilitados de voltar a se encontrar novamente.
A Petrolifera já possui uma licença para trabalhar em terras próximas de onde vivem os isolados cacataibo. A empresa conduziu testes sísmicos na região com o uso de dinamite. A Fenacoca e o IBC apelaram para a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, mas não conseguiram impedi-los. O presidente da Petrolifera, Richard Gusella, tem declarado que sua empresa é um exemplo a ser seguido por empresas interagindo com as comunidades locais. De acordo com o porta-voz da IBC, os testes sísmicos executados pela Petrolifera possibilitou a observação de alguns índios isolados pelos trabalhadores da empresa.
- Apesar de toda a publicidade ao redor das tribos isoladas na imprensa mundial, Peru continua fechando os olhos para os direitos, vida e subsistência dos cidadãos mais vulneráveis - criticou o diretor da Survival International, Stephen Corry.
Brasil-Peru
Organizações do movimento social peruano advertem que os indígenas murunahua, que vivem em isolamento no departamento peruano de Ucayali, na fronteira com o Brasil, correm o risco de desaparecer caso a empresa estatal colombiana Ecopetrol comece a explorar petróleo no lote concedido pelas autoridades do Perú.
A Ecopetrol firmou em março um acordo com a estatal brasileira Petrobras para operar conjuntamente nos lotes 110 e 117, dois dos 18 lotes petrolíferos na selva peruana que se superpõem com áreas protegidas e reservas indígenas, de acordo com a organização não governamental Asociação Peruana para a Conservação da Natureza.
(Por Altino Machado, Terra Magazine / Amazonia.org.br, 14/05/2009)