O crescente uso de substâncias químicas ligado ao desenvolvimento econômico dos países pobres ameaça sobrecarregar ainda mais os seus sistemas de saúde e seus profissionais da área médica, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (13/05). "O setor de saúde enfrenta papéis e responsabilidades adicionais devido à produção e uso ampliados de produtos químicos nos países em desenvolvimento e nos países em transição econômica", disse a OMS em um documento apresentado a uma conferência sobre o gerenciamento de substâncias químicas. "Isso inclui necessidades aumentadas nas avaliações de riscos... e no trato do impacto dos incidentes químicos sobre a saúde humana", disse o relatório.
A segunda Conferência Internacional sobre o Gerenciamento de Produtos Químicos (ICCM2, na sigla em inglês) ocorre como preparativo para a Assembleia Mundial da Saúde, um evento anual da OMS que reúne ministros e profissionais do setor para discutir questões globais e regionais de saúde.
O documento da OMS diz que a introdução de novas substâncias em uma sociedade exige que o setor de saúde amplie seus papéis e responsabilidades tradicionais. O texto destaca vários incidentes, como um surto de intoxicação por brometo de sódio em março de 2008 em Angola, que afetou 467 pessoas, a morte de 18 crianças senegalesas em fevereiro deste ano por causa da contaminação por chumbo de baterias recicláveis em Dacar, e 85 mil consultas de saúde relativas ao despejo de lixo tóxico em 2006 na Costa do Marfim.
"Acredita-se que tais fatos representem apenas a ponta do iceberg", disse a OMS. Um relatório publicado no boletim de dezembro de 2005 da entidade listava 35 "incidentes químicos agudos de potencial preocupação internacional" em 26 países, ocorridos entre agosto de 2002 e dezembro de 2003. "A falta de dados globais sobre a ocorrência de incidentes químicos de potencial preocupação internacional dificulta o planejamento para grandes incidentes", disse o relatório.
(Por Jonathan Lynn, Reuters / Estadao.com.br, 13/05/2009)