A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) emitiu, nesta segunda-feira (11/05), uma regulamentação proibindo o uso do inseticida/acaricida Carbofuran na produção de alimentos, em razão de risco inaceitável para a saúde, especialmente para as crianças. O inseticida/acaricida, utilizado com frequência para tratamento de sementes, já está sob estrita vigilância da EPA há algum tempo. A sua versão granulada foi proibida em meados da década de 1990, tendo em vista que as pesquisas de campo indicaram sua responsabilidade na morte de milhares de aves migratórias. Desde 2006 a agência tenta retirar o Carbofuran do mercado.
A FMC Corp, de Filadélfia, Pensilvânia, produtora do inseticida/acaricida, sob a marca comercial Furadan, tentou, sem sucesso, impedir a proibição mediante medidas judiciais. A empresa, em seu sítio web, diz que o Furadan “continua a ser um produto útil, indispensável para a sustentabilidade da agricultura” e que o seu uso adequado “não cria um risco para a saúde humana, fauna ou para o ambiente.”
A EPA, por outro lado, diz que seriam revogados todos os níveis admissíveis de tolerância de Carbofuran sobre as culturas alimentares, incluindo o que for importado e, nos próximos meses, irá regulamentar a proibição total, inclusive para culturas não alimentares, porque os riscos de exposição de trabalhadores e do meio ambiente são inaceitáveis.
A proibição do uso do inseticida/acaricida Carbofuran na produção de alimentos entra em vigor no final do ano. Segundo a EPA o Carbofuran “pode hiperestimular o sistema nervoso, causando náuseas, tonturas, confusão e, em altas concentrações, o risco de paralisia respiratória e morte.”
Outras informações sobre o Carbofuran, no sítio da EPA, em http://www.epa.gov/pesticides/reregistration/carbofuran/carbofuran_noic.htm . Ou no Extension Toxicology Network
http://pmep.cce.cornell.edu/profiles/extoxnet/carbaryl-dicrotophos/carbofuran-ext.html
Como noticiamos, em 18/4/2009, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA vai avaliar os efeitos dos agrotóxicos na saúde e este parece ser o primeiro caso concreto. No entanto, mais uma vez, um agrotóxico é proibido pelos seus danos à saude humana e ao meio ambiente, mas nada além disso. Cabe perguntar quantas pessoas, desde seu lançamento em 1966, já foram contaminadas pelo Carboruran? Quantas pessoas adoeceram e/ou morreram? Quais os danos ao meio ambiente e à biodiversidade? A indústria será civil e criminalmente responsabilizada?
Só a título de observação, destacamos, por exemplo, que o gás utilizado pelos nazistas no extermínio de milhões de pessoas era derivado de um agrotóxico. Zyklon B era a marca registrada de um pesticida a base de ácido cianídrico que foi utilizado pelos nazistas como veneno no assassinato em massa por sufocamento em sessões de banho coletivo nas câmaras de gás. Este caso, de proibição sem maiores consequências, reforça o nossos argumentos no editorial “Agroquímicos: O veneno à nossa mesa”
(Henrique Cortez Weblog, com informações da EPA, 13/05/2009)