O senador Neuto de Conto (PMDB), disse nesta quarta (13/05), ao analisar a atual situação dos integrantes da cadeia do agronegócio, que apesar da crise, o Brasil poderá se tornar o maior produtor e exportador de alimentos do mundo nos próximos anos. O setor foi seriamente afetado com a crise financeira internacional, principalmente pela diminuição da oferta de crédito e a redução das exportações. "O Brasil, que tem terra, água, clima, gente e tecnologia poderá ser, sim, o maior produtor e o maior exportador de alimentos e alimentar não só sua população, mas também todo o mundo, declarou.
O parlamentar disse compartilhar de um conjunto de opiniões que continua apostando na expansão do agronegócio brasileiro no comércio mundial e acreditando na sua grande capacidade de competitividade e de recuperação. Ele argumentou que, mesmo em um cenário de crise, o desempenho do agronegócio sustentou a balança comercial, lembrando que o setor registrou, em janeiro, superávit de US$ 2,940 bilhões.
Neuto de Conto mencionou estudo realizado pelo professor Alexandre Mendonça de Barros, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), indicando que mesmo em recessão os países ricos não devem restringir drasticamente o consumo de alimentos. Por isso, em termos globais, logo a demanda internacional voltará a sinalizar de maneira positiva para o produtor brasileiro, afirmou.
Com o mercado consumidor internacional mais calmo, como se espera que aconteça a médio prazo, disse o senador, e com a desvalorização do real frente ao dólar, que já atingiu o limite, os produtos brasileiros poderão ser vendidos a preços mais competitivos, avaliou o senador.
Crise
Antes de citar a perspectiva positiva, entretanto, Neuto de Conto afirmou que o país foi definitivamente envolvido na crise mundial que, na opinião de economistas citados por ele, é a pior desde a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Os primeiros dados divulgados em 2009 mostram que a balança comercial teve o pior desempenho desde março de 2001, citou.
As perspectivas para este ano são de safra menor, explicou o senador ao citar cálculos preliminares do Ministério da Agricultura indicando que o setor poderá diminuir as
exportações até o final do ano. No cenário otimista, a queda seria de 6,8%, fechando 2009 com US$ 67,1 bilhões de exportações. No pior cenário, a queda seria de 34,7%, com um
resultado de US$ 47 bilhões em vendas internacionais.
Entre esses dois extremos existe ainda um cenário intermediário: a queda seria de cerca de 22,7%, o que levaria as exportações do agronegócio a atingir o patamar de US$ 56,4
bilhões, o que causaria déficit de US$ 16,6 bilhões em comparação com os dados de 2008, salientou.
Neuto também lembrou medidas adotadas pelo governo federal para reaquecer a economia e destacou, principalmente, a atuação do agronegócio brasileiro que, mesmo nesse "cenário de grande turbulência, desconfiança, recessão, dificuldades e nervosismo dos mercados", tenta resistir confiante em sua grande capacidade de recuperação e no potencial adquirido ao longo dos anos.
(Digital ABC, 14/05/2009)