Segundo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, os frigoríficos que receberem ajuda do BNDES não podem adquirir produtos que desmatam a Amazônia
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pretende impedir que os frigoríficos interessados nas linhas de socorro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) negociem com pecuaristas irregulares dos estados do Pará, Rondônia e Mato Grosso. Minc enviou uma carta, na semana passada, ao presidente do banco avisando que a instituição não pode financiar empresas que negociem com fornecedores envolvidos com abate ilegal e desmatamento da floresta. "A pecuária hoje é a maior responsável pelo desmatamento da Amazônia. O BNDES assinou o Protocolo Verde com o ministério. Por isso, está impedido de financiar quem desmata . Os frigoríficos que compram carne desses pecuaristas são corresponsáveis pelo desmatamento", disse o ministro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
O ativista do Greenpeace, André Muggiati, que pesquisa a questão da criação de gado na Amazônia, acredita que os recursos públicos investidos na pecuária devem ser redirecionados para outros tipos de atividades, que permitam o desenvolvimento da Amazônia sem a destruição da floresta. "Defendemos um modelo de desenvolvimento que seja diferenciado para a região amazônica e que não repita os erros do passado que levaram a devastação de quase todos os outros biomas do Brasil", afirma. A afirmação do ministro confirma os dados lançados pelo relatório A Hora da Conta. De acordo com esse relatório, produzido pela organização Amigos da Terra- Amazônia Brasileira, o financiamento do poder público foi um dos principais motivos para fazer da Amazônia Legal o "Reino do Boi Pirata",
Gado e Amazônia
O relatório "A Hora da Conta" apresenta riscos e oportunidades para influenciar a dinâmica da pecuária, seja na Amazônia, seja no Brasil. O trabalho mostra que a Amazônia se consolidou como grande produtora de carne devido ao grande aumento da capacidade industrial instalada na região, processo que segue em evolução e é direcionado por grandes grupos frigoríficos brasileiros. Essa consolidação, de acordo com a pesquisa, é financiada quase completamente com recursos públicos e subsidiados, tanto no segmento produtivo quanto no industrial.
Segundo o relatório, só no ano passado empresas que atuam no setor pecuário na Amazônia Legal conseguiram um financiamento histórico de R$6 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), verba equivalente a todo o resto dos investimentos diretos na área industrial do banco, desde o setor automotivo até as usinas de etanol.
Veja a pesquisa na íntegra
(Por Thais Iervolino, Amazonia.org.br, 13/05/2009)