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construções ecológicas projetos sustentáveis
2009-05-14

A recuperação de um rio no Marrocos, um campus universitário ecológico no Vietnã, uma estratégia de planejamento rural na China e abrigos informais para trabalhadores diaristas nos EUA foram os vencedores do 2º Prêmio Global Holcim

Quase 5.000 projetos de construção sustentável, oriundos de 121 países, foram avaliados por uma banca de arquitetos e urbanistas de várias partes do mundo e o grande destaque foi dado para um projeto no Marrocos que pode servir de modelo para a recuperação dos rios que cortam as nossas cidades. O prêmio, concedido pela Fundação Holcim, reconhece as iniciativas que reduzem as pegadas ecológicas, abrem caminho para um futuro mais sustentável e melhoram a qualidade de vida. Os finalistas incluíram projetos do Brasil, Canadá, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Eslovênia, Hungria, Índia, Suíça e Uganda.

Segundo o presidente do Conselho de Administração da Holcim, Rolf Soiron, os enormes desafios da construção sustentável exigem muitas contribuições inovadoras adaptadas às necessidades locais. “Os valores e vantagens intrínsecos dos projetos revelam que todos têm características únicas que, nos seus ambientes específicos, contribuem e trazem algo de novo para o setor”, afirmou.

Para compararem as várias candidaturas ao concurso, o júri utilizou os “pontos-chave" da construção sustentável, que foram criados pela própria Fundação Holcim: desempenho ambiental, responsabilidade social e eficiência econômica. Também foi avaliada a qualidade arquitetônica e a viabilidade de aplicação em grande escala das características do projeto. O presidente de Planejamento e Gestão em Construção do ETH Zurique, Hans-Rudolf Schalcher, membro do júri, explicou que a possibilidade de transportar idéias de um projeto para outras comunidades foi um fator comum aos projetos vencedores. “Todos os quatro ilustram, de forma perfeita, o que significa construção sustentável - muitas idéias interessantes para serem transferidas dentro de uma área de especialidade, e um impacto na promoção da construção sustentável”, afirmou.

Vencedores
O Global Holcim Awards Gold, acompanhado de um prêmio em dinheiro de US$ 300 mil, foi atribuído a um projeto centrado na restauração do rio que atravessa a medina de Fez, no Marrocos. Uma equipe liderada pelo arquiteto marroquino Aziza Chaouni e pelo urbanista norte-americano Takako Tajima está recuperando o rio Fez, no sentido de revitalizar o centro histórico da cidade. A abordagem inclui uma série de intervenções para reforma de curtumes tradicionais, a criação de espaços públicos e zonas para pedestres, e a restauração de áreas úmidas bem como da biodiversidade. O júri elogiou o plano por criar uma cadeia de projetos de recuperação, que também permitem que sejam acrescentados subprojetos futuros - e por incluirem a vida social e econômica da cidade juntamente com a ecologia do rio. “Trata-se de um projeto multifuncional, organizado em torno da recuperação do rio. Os componentes principais reabilitam a arquitetura dessa medina histórica, criando uma zona urbana viável e funcional,” afirmou o relatório do júri.

O Global Holcim Awards Silver, com um prêmio em dinheiro de US$ 200 mil, foi atribuído ao novo campus da Universidade de Arquitetura na cidade de Ho Chi Minh, no Vietnã, concebido pelo arquiteto japonês Kazuhiro Kojima. O projeto evita obras maciças de aterro numa ilha no Delta do Mekong e visa uma harmonia com todos os elementos do ecossistema circundante: arrozais inundados, mangues, ventos e variações sazonais. O projeto já havia sido premiado com o Holcim Awards Silver 2008 Ásia Pacífico, e agora convenceu o júri global: “As formas ovais suavemente arqueadas caracterizam o layout dos edifícios - suas interseções criam uma diversidade de grandes e pequenos espaços. Isto permite que a Universidade vá se configurando de forma orgânica, de acordo com idéias em mudança e necessidades futuras”, explicou o relatório do júri.

O planejamento rural de um vilarejo nos subúrbios de Pequim, China, obteve o Global Holcim Awards Bronze e US$ 100 mil pela combinação eficaz de preservação do patrimônio, conhecimentos tradicionais, materiais locais e tecnologia moderna. A estratégia de planejamento urbano integrado liderada pelos chineses Yue Zhang  e Feng Ni melhora a logística e os serviços públicos e ao mesmo tempo cumpre rigorosas metas ecológicas e de redução do consumo de energia para novos edifícios. “Um dos elementos excepcionais da abordagem é a análise profunda da situação cultural e física atual da comunidade, incluindo população, densidade de construção e status da biodiversidade. Foram ainda realizadas pesquisas de campo e entrevistas porta a porta”, referiu o júri.

O prêmio de inovação no valor de US$ 50 mil foi atribuído a um projeto que cria abrigos informais nos quais trabalhadores diaristas em São Francisco podem se encontrar e esperar por trabalho avulso. Concebidas pelos norte-americanos Liz Ogbu e John Peterson, as estruturas flexíveis oferecem abrigo, bancos de assento, banheiros, uma cozinha e um espaço de formação e treinamento. São utilizados materiais "verdes" e reciclados, para minimizar a pegada ecológica e o custo econômico de cada instalação. “A estrutura oferece uma solução para aquilo que os bairros circundantes sentem freqüentemente como desordem social e que causa problemas às forças policiais locais. Assim, as vantagens estendem-se a um contexto social mais vasto que o dos próprios trabalhadores”, observou o júri.

Dois projetos brasileiros chegaram entre os finalistas: uma universidade com baixo consumo de energia, no Rio de Janeiro, do arquiteto Angelo Bucci; e uma cisterna para coleta de água de chuva com equipamento para aquecimento solar da água, da arquiteta Maria Andrea Triana e dos engenheiros Roberto Lamberts e Marcio Antonio Andrade, de Florianópolis.

A Holcim é uma gigante da área de construção civil baseada na Europa, com participação em mais de 70 países e com cerca de 85 mil funcionários. A empresa criou a Fundação Holcim para incentivar e dar apoio a iniciativas que combinem sustentabilidade com um aumento da qualidade de vida das comunidades.

(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 12/05/2009)


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