Com biodiversidade comparável a da Amazônia, os recifes podem ser destruídos devido ao aumento das temperaturas, da acidez e do nível dos mares, aponta um relatório divulgado pela WWF na Conferência Mundial de Oceanos
Um estudo divulgado nesta quarta-feira (13/05) pela WWF mostra que as mudanças climáticas irão destruir a vida no Triângulo dos Corais até o final do século se não forem feitos cortes drásticos nas emissões de gases do efeito estufa. O Triângulo dos Corais se estende por seis países entre os oceanos Índico e Pacífico – Indonésia, Malásia, Filipinas, Timor Leste, Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão – e abriga mais da metade dos recifes do mundo, três quartos são compostos por espécies de corais e peixes vitais na cadeia alimentar global.
Além da grande variedade de espécies, a área funciona como um “berçário dos mares” para aquelas que já enfrentam o colapso em outras partes dos oceanos. Devido a sua riqueza, o ecossistema enfrenta a mesma dimensão de problemas que uma floresta tropical. “As pessoas comparam a riqueza da biodiversidade do Triangulo dos Corais à Amazônia”, ressalta o chefe do Centro do Triangulo dos Corais da The Nature Conservancy, Abdul Halim.
No pior dos cenários, os recifes das regiões serão destruídos pelo rápido aumento das temperaturas, acidez e nível dos oceanos, segundo o professor Ove Hoegh-Guldberg, da Universidade de Queensland, que lidera o estudo. “A pobreza aumentará, a segurança alimentar reduzirá drasticamente, a economia sofrerá e a migração da costa para áreas urbanas aumentará”, disse. Dez milhões de pessoas iriam perder suas casas, causando um grande desastre humanitário.
Mesmo no cenário mais otimista, as comunidades costeiras seriam forçadas a resistir ao aumento do nível dos oceanos, haveria perda de corais e peixes, ocorreriam mais tempestades e secas severas, reduzindo a disponibilidade de alimentos vindos da costa, mostra o estudo. Uma diferença central, contudo, é que as comunidades continuariam razoavelmente intactas e mais preparadas para encarar estas condições adversas.
A WWF afirma que reduções significativas nos níveis dos gases do efeito estufa, apoiadas por investimentos internacionais para fortalecer o meio ambiente destas regiões, poderia limitar os danos. “Gerenciamento eficiente dos recursos costeiros através de uma gama de opções, que incluem redes regionais de administração local das áreas marinhas protegidas, proteção dos mangues e das algas e pesca equilibrada, resultam em uma desaceleração do declínio desses recursos”, resume o estudo.
O documento foi divulgado durante a Conferência Mundial de Oceanos que reúne, desde segunda-feira, delegados de mais de 70 países em Manado, na Indonésia, para discutir o impacto das mudanças climáticas nos oceanos. Entre eles, estão os líderes dos seis países que abrigam o Triangulo dos Corais e que, paralelamente, discutem como evitar esta situação desastrosa na região. Na abertura do evento, o ministro de Pesca e Relações Marítimas da Indonésia, Freddy Numberi, ressaltou que os oceanos, e todo o ecossistema marinho, precisam agora ser protegidos e usados na luta contra o aumento das temperaturas globais e a Conferência Mundial dos Oceanos seria uma rara oportunidade para um comprometimento político neste sentido.
(Por Paula Scheidt, WWF / CarbonoBrasil, 13/05/2009)