Menos de 24 horas após as declarações do chanceler paraguaio, Héctor Lacognata, de que o presidente Lula teria postura favorável às reivindicações paraguaias em Itaipu, Celso Amorim, chanceler brasileiro, teve algumas de suas apreciações sobre o tema publicadas nas páginas do jornal ABC Color. De acordo com o jornal paraguaio, que cita a entrevista de Amorim à revista CartaCapital, nas bancas nesta semana, o ministro brasileiro concorda com algumas das reivindicações paraguaias, que seriam “justas e realistas”, enquanto outras “não têm viabilidade”.
Questionado sobre a necessidade de revisão do Tratado de Itaipu, sob o argumento de que foi assinado por duas ditaduras e não reflete, necessariamente, a vontade popular, Amorim ponderou que “o fato de ter sido assinado durante o governo militar é uma circunstância”. Já sobre o futuro das relações entre Brasil e Paraguai na usina, disse que “vamos trabalhar da maneira mais positiva possível. Não é o caso de cair em um liberalismo, mas deve-se entender que Itaipu é importante para o Brasil e, para o Paraguai, é quase uma das únicas fontes de renda”.
No mês de junho, os presidentes Fernando Lugo e Luiz Inácio Lula da Silva devem voltar a reunir-se, no Paraguai, para continuar as discussões interrompidas no último dia 07, sem acordo, durante a visita do mandatário paraguaio à capital brasileira. A pauta paraguaia na usina está composta por seis itens, dos quais três enfrentam férrea resistência do setor elétrico brasileiro: a quebra do monopólio da Eletrobrás na compra da energia paraguaia, a revisão das tarifas da usina e a rediscussão da bilionária dívida contraída por Itaipu desde 1974.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 13/05/2009)