O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é, de fato, um fenômeno de mídia. Nesta segunda-feira (11/05), Lula voltou a figurar positivamente nas manchetes dos jornais paraguaios após declarações do chanceler Héctor Lacognata sobre as negociações envolvendo a usina de Itaipu. Na opinião de Lacognata, que participou da cúpula bilateral realizada em Brasília na última quinta-feira (07), e que terminou sem que houvesse acordo entre as comitivas de Brasil e Paraguai, Lula encabeça a ala brasileira que demonstra-se favorável à pauta paraguaia na usina.
“Dentro do grupo negociador brasileiro, há diferentes opiniões”, afirmou o chanceler, em entrevista aos jornais La Nación e Última Hora. “Lula está encabeçando a corrente de opinião que pretende-se aproximar-se mais às posições das reivindicações paraguaias”. Segundo Lacognata, que evitou citar nomes, a linha dura do governo brasileiro estaria composta por membros do Itamaraty e representantes do setor elétrico, dos quais destaca-se, por suas declarações de teor nacionalista, o ministro de Minas e Energia Edison Lobão.
Sobre o novo encontro entre Lugo e Lula, agendado para o mês de junho, no Paraguai, o chanceler disse ter “esperanças de uma maior aproximação e de que tenhamos uma proposta interessante na perspectiva da livre disponibilidade de energia, que é o que nos preocupa fundamentalmente”. “De momento, não contamos com uma proposta oficial do Brasil que se aproxime, sequer, às intenções que temos, assim que creio que esta reunião de junho possa ser muito positiva”, avaliou Lacognata, reafirmando a postura paraguaia de não assinar acordos enquanto um consenso não for estabelecido.
Gradualidade
Também nesta segunda-feira (11), Fernando Lugo, que encontra-se de repouso na residência oficial de Mburuvicha Roga, reuniu-se com representantes da equipe negociadora paraguaia para avaliar o status atual das conversações e traçar estratégias para a nova cúpula do mês de junho. À saída da reunião com o presidente, Lacognata, que assumiu o cargo em substituição a Alejandro Hamed Franco, disse aos meios de comunicação presentes que uma das propostas brasileiras avaliadas pelo Paraguai é a implementação gradual da quebra do monopólio da Eletrobrás.
“Daqui até o término do tratado, por exemplo, dispor da energia em etapas e em percentuais graduais. Na primeira etapa, poderia ser de venda preferencial ao Brasil em uma porcentagem, para depois liberar-se a venda a outros países”, afirmou. Para ler as novas declarações do chanceler, na íntegra, clique aqui.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 12/05/2009)