Os países ricos delinearam cortes "promissores" nas emissões de gases-estufa até agora, mas os Estados Unidos e outras nações serão capazes de determinar limites mais rigorosos, disse a principal autoridade da Convenção de Mudança Climática da Organização das Nações Unidas (ONU) na terça-feira (12/05). "Um dos pontos principais a partir de agora é observar até que ponto o nível de ambição pode ser aumentado", disse Yvo de Boer à Reuters, comentando as negociações para um novo pacto sob a chancela da ONU para combater as mudanças climáticas, que deve ser aprovado em Copenhague em dezembro.
Ele afirmou que a maratona de negociações vai se intensificar depois de 18 de maio, quando deve ser publicado um primeiro esboço de texto para discussão. O texto reunirá as propostas feitas pelos governos nas últimas semanas. Ele saudou as propostas feitas pelos países desenvolvidos nas últimas semanas, mesmo que elas estejam aquém das reduções de entre 25 e 40 por cento abaixo dos níveis de 1990 até 2020, projetadas por um painel de cientistas da ONU a fim de evitar o pior do aquecimento global. "Dado que o acordo de Copenhague ainda não está à vista, acho que temos à mesa uma série de números estimulantes vindos dos países industrializados", disse ele numa entrevista por telefone.
Entre outras razões, "há países que simplesmente se voltaram a comprometimentos de possíveis reduções na emissão doméstica e não incluíram compensações nem ações no exterior, como os Estados Unidos", disse ele. Ações no estrangeiro permitiriam reduções ainda maiores. Sob o Protocolo de Kyoto, em vigor atualmente, por exemplo, os países desenvolvidos podem obter crédito ao investir em tecnologias limpas, como energia hidrelétrica, energia solar ou eólica, em países em desenvolvimento.
Obama
O presidente Barack Obama prometeu reduzir as emissões dos EUA para os níveis de 1990 até 2020 - um corte de cerca de 14 por cento a partir dos níveis de 2007, como parte do esforço global para combater o aquecimento global, que poderá provocar mais ondas de calor, enchentes e elevação do nível dos oceanos. De Boer não quis comentar sobre o quanto Washington seria capaz de reduzir, mas afirmou que alguns estudos feitos por especialistas norte-americanos sugerem que se poderia acrescentar vários pontos percentuais.
Estimativas da Reuters mostram que as propostas feitas até agora por países desenvolvidos resultariam num total de cortes entre 9 e 16 por cento abaixo dos níveis de 1990, incluindo as propostas da União Europeia e da Austrália. Os analistas dizem que a recessão global esmaeceu a vontade política por uma ação mais rigorosa.
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 13/05/2009)