Um relatório produzido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e divulgado segunda-feira (11/05) pelo jornal Folha de S. Paulo revelou que os assentamentos de reforma agrária contribuíram com 21% do total desmatado na Amazônia Legal no ano passado. Segundo o relatório, 869 assentamentos desmataram em 2008 251,6 mil hectares de florestas. Um grupo de 60 assentamentos, entretanto, concentrou metade do desmatamento registrado em todas as áreas de reforma agrária na Amazônia. Do total desmatado nos 869 assentamentos, 51,3% estão no Pará e 22,1% em Mato Grosso.
Segundo o Incra, o avanço do desmatamento em áreas de reforma agrária ocorre em meio a um processo de concentração dos lotes, ou seja, quando uma única pessoa compra irregularmente lotes dos assentados para ampliar sua propriedade. "O desmatamento não respeita assentamento, unidades de conservação, parques nacionais, áreas indígenas. Ele avança em cima de tudo isso", diz o diretor de Implantação de Projetos de Assentamento do Incra Celso Lacerda à Folha.
O pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) Adalberto Veríssimo discorda. Segundo ele, o desmatamento ocorre com mais intensidade nos assentamentos, e não em terras indígenas e unidades de conservação. "Tem um coquetel explosivo: pecuarização, agricultura, além do efeito da exploração predatória da madeira e do carvão. Tudo isso dentro dos assentamentos. Fazer assentamentos em regiões de florestas é pedir para desmatar", disse Veríssimo. "Eles [os assentados] acabam assediados pela dinâmica do desmatamento", completa.
(Amazonia.org.br, 11/05/2009)