Em função da precária situação de segurança da fábrica norte-americana da Bayer, acionistas devem exigir na reunião do conselho administrativo da companhia, marcada para esta terça-feira (12/05), que a diretoria-executiva e o conselho fiscal não sejam eximidos de responsabilidade. A fábrica é considerada uma “unidade irmã” do investimento em Bhopal, na Índia, que em 1984 derramou cerca de 30 toneladas de Metil Iso Cianato (MIC), químico usado na fabricação de agrotóxicos, matando mais de 10 mil pessoas.
No ano passado houve uma grave explosão na unidade, em que dois trabalhadores morreram e toneladas de produtos químicos foram derramados. Uma das comissões do congresso norte-americano convocada para investigar o caso concluiu no final de abril que a ocorrência de uma catástrofe na região está por um fio. O relatório da investigação diz: “A explosão foi especialmente preocupante, porque muitas toneladas de resíduos voaram 15 metros além das barreiras de contenção e destruíram praticamente tudo o que encontraram pelo caminho. Se a explosão tivesse alcançado os tanques de MIC, as conseqüências fariam o desastre de Bhopal em 1984 parecer pequeno.”
Depois da explosão, os porta-vozes da Bayer alegaram que tanques com gases letais como MIC e Phosgen são estocados em uma parte diferente da fábrica. Na semana seguinte, veio a público que os tanques foram encontrados a menos de 20 metros de distância do local da explosão, nos quais havia sete toneladas de MIC. Essa unidade da Bayer é a única nos Estados Unidos que produz e armazena grandes quantidades de MIC.
Philipp Mimkes, da Coordenação contra os Perigos da Bayer, diz: „Já chega de condescendência! Nós já havíamos avisado na reunião geral do ano passado – quatro meses antes da explosão fatal! – sobre a falta de segurança na planta. Agora a realidade já superou nossos medos. Em conjunto com as iniciativas locais de civis nós exigimos que a Bayer reveja os procedimentos com o MIC e o Phosgen.” Na fábricas alemãs a produção de pesticidas da Bayer é feita há muito tempo sem tanques de MIC.
A companhia classificou milhares de documentos como de relevância para segurança, para tentar se esquivar das investigações. O congresso norte-americano chegou à conclusão de que “a Bayer se envolveu em uma campanha de confidencialidade. A empresa negou informações cruciais para as forças de segurança, limitou o acesso de investigadores e autoridades federais, minou o trabalho da imprensa e das iniciativas civis e levou a opinião pública a informações erradas e enganosas.”
Os reflexos da explosão foram espalhados em um raio de 15 quilômetros, milhares de moradores foram impedidos por horas de deixarem suas casas. A Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA) constatou, em uma investigação sobre o incidente, pelo menos 13 violações graves das normas de segurança, incluindo “sistemas de segurança inadequados, deficiência nos procedimentos de emergência e formação precária dos trabalhadores”.
“Substâncias de alto risco como Phosgen ou MIC não perderam nada em produção – certamente não nas proximidades da zona residencial. A Diretoria e o Conselho Fiscal da Bayer não tomaram qualquer medida para melhorar a segurança ou para esclarecer a opinião pública e amanhã não devem ser eximidos de responsabilidade”, diz Philipp Mimkes.
Mais informações:
Moção oficial para a reunião anual da diretoria (em alemão)
Relatório da investigação do congresso norte-americano (em inglês)
Reportagem do New York Times sobre a sonegação de informações da Bayer (em inglês)
Informações sobre as iniciativas locais (em inglês)
(Versão em português por Francis França, Ambiente JÁ, contribuição por e-mail da CGB Network, 12/05/2009)