Os impactos causados pela exploração de petróleo na Amazônia equatoriana pela empresa Chevron (antiga Texaco) voltaram a ser o centro das atenções na quarta-feira (06/05) com a publicação de um comunicado da procuradoria geral de Nova York sobre os reais custos da tragédia ambiental. Segundo a carta, a responsabilidade social e ambiental da Chevron para o Equador ultrapassa os US$ 27 bilhões, o que leva a crer que a empresa escondeu informações sobre o assunto de seus acionistas sobre os reais riscos de suas operações.
O documento diz respeito ao julgamento que ocorre simultaneamente na corte americana e equatoriana sobre os crimes ambientais e sociais cometidos pela Texaco - que se fundiu com a Chevron em 2001 - durante 30 anos de exploração na Amazônia. Neste período, a empresa optou arbitrariamente por realizar cortes de gastos em sua produção, assumindo procedimentos ilegais, tanto em seu país de origem como no Equador.
Andrew Cuomo, o promotor responsável pela carta, acredita que a companhia esteja usando informação falsa para minimizar os riscos para seus investidores. Cuomo estabeleceu um prazo de resposta para a empresa, 11 de maio, até lá a Chevron deverá disponibilizar seus registros públicos.
Se comprovada, a atitude desleal da empresa pode acabar trazendo para a corte uma ordem de quebra de sigilo das contas da Chevron, agravando ainda mais o caso. O promotor nova-iorquino acredita que até o fim do ano o julgamento das ações da empresa já terão se desenrolado em um fim que traga justiça para os afetados no Equador.
Chernobyl Amazônica
Os resultados das práticas de exploração da Chevron foram devastadores. Durante o período em que a empresa explorou a floresta equatoriana (1964-1990), foram mais de 18 bilhões de galões de produtos tóxicos derramados nos rios amazônicos, a construção de 916 poços de lixo tóxico a céu aberto e a queima ininterrupta de gases contaminadores.
Tal irresponsabilidade, que gerou uma economia de US$ 3 por barril produzido, desalojou diversas comunidades indígenas e ribeirinhas, além de trazer problemas de saúde para a população local. Segundo estudos realizados pela organização Amazon Watch, a Chevron é responsável por mais de 1401 mortes por câncer gerado por contaminação. Além disso, os estudos mostram que entre a população da região, o número de crianças nascidas com leucemia e a ocorrência de abortos espontâneos subiram drasticamente.
A Chevron nega que tenha qualquer relação com os problemas de saúde da região, e atribui os casos à pobreza e falta de saneamento. Diante de mais de 15 anos de atitudes evasivas por parte da empresa, a Amazon Watch lançou a campanha "ChevronToxicon", que tem como objetivo tornar pública a tragédia causada pela companhia na floresta equatoriana.
(Por Flávio Bonanome, Amazonia.org.br, 08/05/2009)