Governo norte-americano cria nova entidade para o desenvolvimento e incentivo de combustíveis renováveis e não baseados em alimentos, favorecendo assim o etanol brasileiro em relação ao produzido do milho
Nesta semana a administração Obama comprou uma grande briga com o setor agrícola dos Estados Unidos ao anunciar um plano de US$ 1,8 bilhão para o desenvolvimento de uma nova geração de biocombustíveis mais amigáveis ao meio ambiente e que não sejam baseados em alimentos, como o milho. Entre as medidas anunciadas está a criação de uma entidade para coordenar as regulamentações, pesquisas e desenvolvimento. O Biofuels Interagency Working Group será formado por membros da Agência de Proteção Ambiental (EPA), do Departamento de Energia (DOE) e do Departamento de Agricultura.
Segundo a diretora do EPA, Lisa Jackson, a busca é por um novo padrão de biocombustíveis, que sejam ao menos 50% mais limpos que a gasolina. “O etanol de milho reduz apenas 16% das emissões de gases do efeito estufa, vamos considerá-lo apenas como uma ponte para a nova geração de combustíveis”. Ainda para a diretora, toda a cadeia de produção do bicombustível será levada em conta. “Os danos ambientais da transformação das plantações em energia serão considerados, isso é primordial para o direcionamento dos nossos recursos”.
O impacto da proposta da nova entidade na indústria do etanol norte-americana foi amenizado pela decisão de Obama de colocar o Secretário da Agricultura, Tom Vilsack, que representa o estado de Iowa, um dos mais ligados ao milho, como o encarregado pela força-tarefa responsável para o desenvolvimento dos novos biocombustíveis. Também serão destinados recursos para ajudar os fazendeiros a deixar de usar milho e passar a utilizar biomassa. “O programa prevê mais de US$ 1 bilhão para o auxílio das propriedades e indústrias ligadas ao etanol do milho. Haverá uma grande oportunidade para todos”, afirmou Vilsack.
Brasil
Quem também pode lucrar com essa grande oportunidade são os produtores do etanol de cana brasileiros, pioneiros e detentores da melhor tecnologia mundial na área. Tanto que o novo presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rosseto, revelou nesta semana o projeto de construção de uma nova fábrica de biodiesel com investimento previsto de cerca de R$ 100 milhões e capacidade de produção de até 150 milhões de litros do combustível por ano.
“Nos próximos dois a três meses, nós teremos a definição sobre a fábrica porque o nosso objetivo é assegurar a execução destes investimentos ainda no ano de 2009. A quarta fábrica é uma unidade condicionada para processar até 120 mil toneladas ano de matéria-prima, o que deverá gerar uma produção de cerca de 140 a 150 milhões de litros de biodiesel por ano”, informou Rosetto à Agência Brasil.
A meta seria chegar em 2013 produzindo cerca de 700 milhões de litros de bicombustível por ano. “São quase R$ 5 bilhões em investimentos diretos na produção de biodiesel e etanol até 2013. Portanto, nós temos o desafio de liderar uma empresa que tem este volume de investimentos neste período e fazer dela uma das melhores do mundo no segmento”, concluiu Rosetto.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 08/05/2009)