Com a estiagem, os reservatórios da usinas hidrelétricas do Estado atingiram níveis mínimos de capacidade e começam a suspender a geração de energia. Segunda maior em operação no Estado, a Usina Hidrelétrica de Machadinho, construída sobre o leito do Rio Uruguai na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, foi a mais recente a desligar as turbinas.
As máquinas precisam de um certo volume de água para operar, e como o lago está 14 metros abaixo do normal, foi necessário parar a operação. O gerente da usina, Elinton Chiaradia, assegurou que não há risco de falta de fornecimento de eletricidade.
– Toda a energia gerada entra no sistema nacional interligado, que abastece o país. Durante essa estiagem, o Sudeste está produzindo mais e enviando eletricidade para atender à demanda do nosso Estado – salientou.
Essa operação é controlada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, que há uma semana havia determinado aumento da geração em térmicas a gás para sustentar o desligamento das hidrelétricas no Sul. Para garantir combustível, o governo aumentou a compra de gás natural da Bolívia, que havia sido reduzida em 50%, para o nível máximo.
Para manter o fluxo normal das águas depois do lago, as comportas do reservatório foram abertas. A última vez que a usina parou de operar por causa do baixo nível do reservatório havia sido em setembro de 2003. A Usina Hidrelétrica Machadinho tem capacidade para gerar 1.140 megawatts, o suficiente para abastecer cerca de 25% de demanda da energia do Estado. Na Usina Hidrelétrica Itá, que fica depois da Usina Machadinho, em relação do Rio Uruguai, o lago está 3,35 metros abaixo do nível normal e opera com apenas 12% da sua capacidade total, que é de 1.450 megawatts. No Rio Jacuí, onde existem 11 usinas, as quatro com grandes reservatórios seguem operando, enquanto sete pequenas estão praticamente paradas.
A redução nos níveis de rios e lagos também causa prejuízos no abastecimento, como percebeu ontem uma comissão de deputados federais que visitou Erechim. Andando sobre a terra rachada no que antes era o leito do lago em que a Corsan captava água, os parlamentares viram em solo gaúcho uma imagem que antes só conheciam durante períodos de seca no Nordeste. Quatro municípios já racionam água.
(Zero Hora, 09/05/2009)