Há mais de cinco meses acampadas, famílias atingidas pela Pequena Central Hidrelétrica Moinho, em Pinhal da Serra (RS), ainda aguardam indenização da empresa Engevix, que não avança na negociação.

Porto Alegre (RS) - Em Pinhal da Serra, região Norte do estado gaúcho, os atingidos pela PCH Moinho continuam acampados há mais de cinco meses. Durante protestos para exigir as indenizações, cinco agricultores foram detidos e tiveram suas moradias destruídas pela Brigada Militar. Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (06) com as famílias, integrantes da PCH Moinho garantiram a solução do problema. No entanto, Valdir Lisboa da Rocha, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), não acredita que tais acordos sejam cumpridos.

“Na verdade, ocorre sempre a mesma prosa. A empresa tinha feito o acordo de enviar a equipe técnica com psicólogos e fazer o levantamento das pessoas atingidas. Mas isso não vem se cumprindo a três reuniões. Eles prometeram agora nesta audiência que no início da outra semana eles vão resolver, o que eu não acredito”, enfatiza.

A empresa alega que os agricultores não residiam no local das obras, recusando-se assim a pagar as indenizações. Valcir Rossi, agricultor da localidade atingida, rebate tais afirmações.

“Nós moramos lá há anos e os demais agricultores que também permanecem acampados nasceram e se criaram ali. E a empresa alega que não existiam moradores ali, mas isso não é verdade, pois sempre moramos. Então a empresa conseguiu uma ordem judicial e despejaram, desmancharam a casa dos agricultores, levando tudo, deixando todo mundo sem comida, sem roupa e sem ferramentas”, diz.

Valcir comenta que as mais de trinta famílias permanecerão acampadas até que todas forem indenizadas pela empresa. “Nós estamos acampados do lado do canteiro. A onde eles estão construindo não é deles. Eles alegam que é, mas não é. Nós estamos lá acampados e não vamos desistir. Ninguém vai sair de lá. Tá todo mundo revoltado pelo fato de que todos tinham suas casas e a empresa tirou. Então ninguém vai sair de lá sem um acordo com a empresa”, afirma.

A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Moinho é de propriedade da Engevix e está localizada no rio Bernardo José, entre as cidades de Barracão e Pinhal da Serra. A operação comercial da usina está prevista para março de 2010. A empresa Engevix é acusada de fraudar o estudo de impacto ambiental (EIA) da barragem de Barra Grande. Segundo denúncias de ambientalistas, ela teria escondido a existência de seis mil hectares de mata primária, principalmente de araucárias.

(Por Joel Felipe Guindani, Agência Chasque, 07/05/2009)