Os índios reunidos no Acampamento Terra Livre tiveram uma forte discussão na presença do ministro Tarso Genro nesta terça-feira (05/05). Fizeram discursos contundentes e exigiram que suas demandas por terras fossem reconhecidas e realizadas até o fim do mandato do presidente Lula. Mas, pelo andar da carruagem, isto não será feito. Aliás, apesar da aparente boa vontade do ministro Tarso Genro, até agora nenhuma terra indígena foi demarcada como iniciativa sua ou da atual gestão da Funai. Todas as portarias de demarcação dos estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia estão sub judice, barradas em tribunais federais pelo Brasil afora. O próprio ministro Genro reconheceu esse fato e deu como desculpa pela não demarcação de terras indígenas em sua gestão.
Mas, todos sabemos o que vem acontecendo nos últimos dois anos. Movido por um desejo fervoroso de demarcar terras indígenas como se fosse um ato de pentear os cabelos, o ministro lançou uma série de portarias de uma só vez e elas terminaram levantando o maior sentimento anti-indígena do Brasil nos últimos cem anos. Iludido pela vontade, sem capacidade estratégica, o Ministério da Justiça e a Funai estão de mãos atadas. Todas as portarias estão paradas. Os GTs, de que a atual gestão da Funai tanto se orgulha de ter criado, estão parados por inatividade forçada ou voluntária. Alguns nem antropólogos têm. Nada sai dali, só promessas vãs e planejamentos sem sentido.
Os índios também fizeram discursos fortes contra a iniciativa do CIMI e das Ongs e da atual gestão da Funai de mudar o Estatuto do Índio. Sabem que o perigo dessa mudança é muito grande e que não se pode confiar nas atitudes intempestivas e vaidosas desse pessoal. Aliás, nos sites do CIMI e do ISA a ideia é de que os índios estão consensuando a aceitação dessa proposta, quando é exatamente o contrário que está acontecendo no Acampamento.
Os índios do Acampamento Terra Livre, especialmente os Xavante e os do Centro-Oeste em geral, estão furiosos com toda a pasmaceira da atualidade, com os erros cometidos, com o desleixo obsequioso da Funai para com eles. Os Terena não suportam mais a promessa de demarcação de suas terras e o seu não cumprimento efetivo. Haja paciência aos índios, que declararam terem-na perdido.
(Blog do Mércio, 07/05/2009)