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segurança alimentar sustentabilidade rural adaptação à mudança climática
2009-05-08

O apoio dos doadores permitirá ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) ajudar cerca de 70 milhões de agricultores pobres elevarem sua produtividade e sua renda nos próximos cinco anos, disse à IPS o novo presidente da entidade, Kanayo F. Nwanze. Este esforço compreende US$ 3,7 bilhões para apoiar projetos e programas agrícolas, explicou.

Nwanze foi eleito por aclamação em março para liderar a Fida, instituição financeira internacional especializada da Organização das Nações Unidas cuja missão é “ajudar a população rural pobre a superar a pobreza”. Antes vice-presidente do Fida, Nwanze tem 30 anos de experiência em temas de desenvolvimento, 10 deles na Índia. Foi diretor geral do Centro de Arroz da África para o ocidente africano onde promoveu o desenvolvimento da premiada Nerica, uma variedade de arroz de alto rendimento, muito protéica e resistente a secas e pestes. Em entrevista à IPS, disse que as prioridades do Fida são dar força às mulheres e microcrédito para pequenos produtores.

IPS - O último abastecimento de fundos do Fida foi o maior de sua história. Por que essa generosidade em momentos de recessão e incerteza sobre a ajuda oficial ao desenvolvimento?
Kanayo Nwanze -
Com 15% da população mundial desnutrida, em 2008 quase um bilhão de pessoas não tiveram o suficiente para comer. A crise financeira e econômica mundial está afetando duramente essa gente. Além disso, a segurança alimentar em muitos países não é menos precária hoje do que no ano passado, quando os preços dos alimentos dispararam. O novo risco é a volatilidade dos preços. Agora os líderes mundiais sabem que impulsionar a agricultura não é uma opção, mas um imperativo para garantir a segurança alimentar e o crescimento econômico nos países em desenvolvimento.

Os estudos mostram que o crescimento gerado pela agricultura é até quatro vezes mais efetivo para reduzir a pobreza do que o crescimento de outros setores. O fornecimento histórico de fundos do Fida – um aumento sem precedentes, de 67% em relação ao anterior – é um reconhecimento de nossa efetividade. Vejo este apoio não só como um ato de generosidade, mas como um passo corajoso dos países doadores para reverter a alarmante tendência de as pessoas de áreas rurais afundarem cada vez mais na pobreza.

Quais as prioridades do Fida para os próximos quatro anos?
Nwanze -
As crises alimentar e financeira são um chamado para a ação. No Fida devemos decidir como conseguir maior impacto no menor tempo. Nos centramos na população rural pobre, marginalizada e vulnerável. São minilatifundiários, camponeses sem terra, peões, pastores, pescadores artesanais e pequenos empresários que dependem da agricultura e de atividades relacionadas para sobreviver. O poder das mulheres – que são uma quantidade desproporcional dos muito pobres no mundo – é uma prioridade do Fida, como é aumentar o acesso da população rural pobre aos serviços financeiros e ao crédito. Reconhecemos as necessidades particulares dos povos indígenas e das minorias étnicas, especialmente na América Latina e na Ásia.

Em todos nossos esforços não podemos esquecer como a mudança climática impacta sobre os pequenos agricultores. Tampouco deveríamos esquecer seu papel potencial em reduzir a mudança climática. Portanto, para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza é vital que existam novos enfoques sobre o manejo dos riscos climáticos e novas formas de assistência.

Até que ponto o Fida pode influir em questões como mudança climática, práticas de comércio justo, preço das matérias-primas e urbanização, que podem ter impacto no sustento dos pequenos agricultores dos países pobres?
Nwanze - Promover o manejo sustentável dos recursos naturais é parte da atividade central do Fida, e se torna ainda mais urgente com a mudança climática, que afeta as vidas e o sustento das pessoas pobres do campo. Embora seja vital uma adaptação aos efeitos da mudança climática, as práticas agrícolas sãs também podem contribuir muito para a mitigação desse fenômeno. Os agricultores podem contribuir com planos para absorver carbono e limitar as emissões plantando e mantendo florestas, manejando terras de pastagem e cultivo de arroz, bem como protegendo bacias para reduzir o desmatamento e a erosão do solo.

Os incentivos financeiros para a mitigação da mudança climática também devem incluir os pequenos produtores. Junto com nossos principais sócios no desenvolvimento agrícola, exigimos a inclusão da agricultura como componente-chave nas negociações sobre mudança climática que acontecerão no mês de dezembro em Copenhague. O Fida também organiza o Mecanismo Mundial da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação. Se investirmos nos moradores das áreas rurais e permitir que tenham vidas decentes, haverá menos êxodo para áreas urbanas, onde muitos acabam morando em assentamentos de péssimas condições.

Sobre comércio justo, o Fida está investindo cada vez mais para potencializar a ação dos pequenos agricultores a fim de criar cadeias de valor e acesso ao mercado. Também está ajudando organizações camponesas a fortalecerem sua capacidade de negociar melhores preços para seus produtos e uma melhor política de regulamentação do mercado.

As questões de gênero, entre elas a falta de poder feminino e a desigualdade de oportunidades, foram identificadas como obstáculos ao progresso rural em alguns países em desenvolvimento. Como o Fida pode ajudar a superar estes obstáculos?
Nwanze - O poder econômico, a tomada de decisões e o bem-estar são os três pilares do trabalho do Fida em matéria de igualdade de gênero. Enfrentamos os obstáculos garantindo que a dimensão de gênero se inclua em nossos projetos desde sua concepção. Em muitos países em desenvolvimento as mulheres são chefes de família, agricultoras, empresárias e mães. Cerca de 30% dos pequenos estabelecimentos agrícolas são manejados por mulheres. Na África, elas produzem entre 60% e 80% de todos os alimentos.

Os projetos apoiados pelo Fida permitem que as mulheres tenham voz e melhorem seu acesso aos recursos naturais, bens e microfinanças. O desafio é lhes dar essa voz, ampliar seu papel nas decisões que são tomadas sobre os assuntos comunitários e as instituições locais. As mulheres camponesas têm como prioridade os serviços de saúde, a água, a educação e a infra-estrutura.

Como vice-presidente que passou a presidente do Fida, vê a necessidade de mudanças na entidade, além das reformas em andamento, para que seja mais efetiva?
Nwanze - Não creio em mudanças por si só. Se não está quebrado, não há motivo para consertar. O Fida continuará construindo sua reputação como organização baseada em resultados. Nos próximos anos, continuaremos aprofundando a mudança e o processo de reforma que já está em curso no Fida, centrando-nos no manejo de recursos humanos. Nosso pessoal é o principal valor do Fida, e o investimento em capacitação é fundamental para que deem o melhor em todas as circunstâncias, mas particularmente nestes tempos de desafios.

(Por Ernest Corea, IPS / Envolverde, 07/05/2009)


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